Louise Glück – Um silêncio bem afiado

Deixa eu te contar uma coisa, disse a senhora.
Estávamos sentadas, uma diante da outra,
no parque de cidade conhecida por seus brinquedos de madeira.

Na época, eu tinha fugido de um triste caso amoroso
e, por penitência ou autocastigo, fui trabalhar
numa fábrica, onde esculpia à mão minúsculos pés e mãos.

O parque era meu consolo, sobretudo nas horas calmas
depois do pôr do sol, quando costumava ficar às moscas.
Mas, naquele fim de tarde, ao entrar no Jardim da Condessa, que era como
se chamava o parque, vi que alguém já estava lá. Me aflige tanto pensar
que eu podia ter ido embora, mas estava
decidida a entrar; o dia todo pensando nas cerejeiras que ladeavam o caminho e cuja floração tinha sido pouco tempo antes.

Sentamos em silêncio. A noite caía
e a sensação era de clausura,
como numa cabine de trem.

Quando eu era jovem, ela disse, gostava de andar pelos parques ao anoitecer
e quando a alameda do parque era longa, dava tempo de ver a lua nascer.
Foi meu grande prazer na vida: nem sexo, nem comida, nem distrações mundanas.
Preferia ver a lua nascendo e de vez em quando ouvia,
na mesma hora, as notas sublimes do final de
A As bodas de Fígaro. De onde vinha aquela música?
Nunca descobri

Como as alamedas dos parques costumam ter o formato
circular, todas as noites, depois das minhas andanças,
eu acabava diante da porta da minha própria casa e ficava ali encarando-a,
sem conseguir ver direito, no escuro, o brilho da maçaneta.

Foi uma grande revelação para mim, ela disse, apesar de ser a minha própria vida.

Mas havia noites, ela disse, em que quase não se via a lua por entre as nuvens
e a música não tocava. Uma noite frustrante.
Porém, lá ia eu na noite seguinte e tudo corria bem.

Eu não sabia o que dizer a ela. A história, ainda mais desconexa por escrito
era interrompida por pausas, como devaneios,
e intervalos muito prolongados, até que nessa hora a noite chegou.

Ah noite que abarca todas as coisas, noite
ávida por percepções estranhas. Minha sensação era de estar a ponto
de ouvir um segredo importante, como a tocha que vai passando de mão em mão numa corrida de revezamento.

Minhas desculpas sinceras, disse ela,
confundi você com uma amiga.
E fez um gesto na direção das estátuas ao redor,
homens heroicos, mulheres se sacrificando como santas
apertando contra o peito seus bebês de granito.
As estátuas, ela disse, não são instáveis como os seres humanos.

Deles eu desisti, falou,
mas nunca deixei de gostar das viagens em círculo.
Talvez eu esteja enganada, não é mesmo?

Sobre as nossas cabeças, as flores das cerejeiras começaram
a se soltar no céu da noite, ou quem sabe eram estrelas flutuando,
flutuando e caindo, e no lugar onde pousavam
novos mundos iam se formando.

Depois disso, voltei para a minha cidade natal
e reatei com meu antigo amor.
Mas a cada dia pensava mais e mais nesse episódio,
tentando analisá-lo de todos os ângulos, e a cada ano ficava mais claro
que, mesmo sem evidências, ele continha uma espécie de segredo.
Concluí por fim que qualquer que fosse a mensagem
o conteúdo dela não estava nas palavras – era como minha mãe falando comigo
com seus silêncios bem afiados, que me advertiam e castigavam –

e me pareceu que eu tinha voltado não só ao meu antigo amor,
mas que agora voltava ao Jardim da Condessa,
com as cerejeiras que ainda estariam em flor,
tal como um peregrino que busca expiação e perdão,

assim, entendi que deve haver, em algum lugar,
uma porta com um brilho na maçaneta,
mas quando ela vai aparecer e onde, não faço a menor ideia.

Trad.: Marília Garcia

A Sharply Worded Silence

Let me tell you something, said the old woman.
We were sitting, facing each other,
in the park at ___, a city famous for its wooden toys.

At the time, I had run away from a sad love affair,
and as a kind of penance or self punishment, I was working
at a factory, carving by hand the tiny hands and feet.

The park was my consolation, particularly in the quiet hours
after sunset, when it was often abandoned,
But on this evening, when I entered what was called the Contessa’s Garden,
I saw that someone had preceded me. It strikes me now
I could have gone ahead, but I had been
set on this destination; all day I had been thinking of the cherry trees
with which the glade was planted, whose time of blossoming had nearly ended.

We sat in silence. Dusk was falling,
and with it came a feeling of enclosure
as in a train cabin.

When I was young, she said, I liked walking the garden path at twilight
and if the path was long enough I would see the moon rise.
That was for me the great pleasure: not sex, not food, not worldly amusement.
I preferred the moon’s rising, and sometimes I would hear,
at the same moment, the sublime notes of the final ensemble
of The Marriage of Figaro. Where did the music come from?
I never knew.

Because it is the nature of garden paths
to be circular, each night, after my wanderings,
I would find myself at my front door, staring at it,
barely able to make out, in darkness, the glittering knob.

It was, she said, a great discovery, albeit my real life.

But certain nights, she said, the moon was barely visible through the clouds
and the music never started. A night of pure discouragement.
And still the next night I would begin again, and often all would be well.

I could think of nothing to say. This story, so pointless as I write it out,
was in fact interrupted at every stage with trance-like pauses
and prolonged intermissions, so that by this time night had started.

Ah the capacious night, the night
so eager to accommodate strange perceptions. I felt that some important secret
was about to be entrusted to me, as a torch is passed
from one hand to another in a relay.

My sincere apologies, she said.
I had mistaken you for one of my friends.
And she gestured toward the statues we sat among,
heroic men, self-sacrificing saintly women
holding granite babies to their breasts.
Not changeable, she said, like human beings.

I gave up on them, she said.
But I never lost my taste for circular voyages.
Correct me if I’m wrong.

Above our heads, the cherry blossoms had begun
to loosen in the night sky, or maybe the stars were drifting,
drifting and falling apart, and where they landed
new worlds would form.

Soon afterward I returned to my native city
and was reunited with my former lover.
And yet increasingly my mind returned to this incident,
studying it from all perspectives, each year more intensely convinced,
despite the absence of evidence, that it contained some secret.
I concluded finally that whatever message there might have been
was not contained in speech—so, I realized, my mother used to speak to me,
her sharply worded silences cautioning me and chastizing me—

and it seemed to me I had not only returned to my lover
but was now returning to the Contessa’s Garden
in which the cherry trees were still blooming
like a pilgrim seeking expiation and forgiveness,

so I assumed there would be, at some point,
a door with a glittering knob,
but when this would happen and where I had no idea.

Halldís Moren Vesaas – Oração à Vida

A vida terrena, única, seja o meu quinhão!
Vida minha, tudo o que tenho na tua mão!
Toma-me e usa-me e exaure-me nos dias
e então me larga alhures, alijada de ti, fria
e impotente e condenada a não renascer
na noite, na eterna noite sem amanhecer!

Trad.: Luciano Dutra

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 28/11/2018

BØN TIL LIVET

Eitt jordliv, eit einaste, vere min lut!
Mitt liv, du eige meg all!
Ta meg og bruk meg og brenn meg ut
og legg meg ifrå deg, kald
og duglaus og dømd frå å byrje påny
i natta, den evige natt utan gry!

José Mateos – Canção 1

Ainda quase um menino
sentaste a esperar à
margem do grande silêncio.

Pensavas que estando só
com tua voz talvez pudesses
roubar ao mar seu segredo.

Foi-se a tua juventude.
Mudos passaram os anos
e agora estás vazio por dentro.

Serias capaz, caso soasse
o acorde do grande silêncio,
de reproduzir o seu eco?

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO com alterações na tradução: poema publicado na página originalmente em 26/11/2018

José Mateos – Canción 1

Todavía casi un niño
y te sentaste a esperar
a orillas del gran silencio.

Pensabas que estando a solas
con tu voz quizás pudieras
robarle al mar su secreto.

Se te fue la juventud.
Mudos pasaron los anos
y ahora estás hueco por dentro.

¿Podrías, si al fin sonara
del gran silencio el acorde,
llegar a cantar su eco?

Jeffrey McDaniel – O mundo silencioso

Na tentativa de fazer as pessoas olharem
mais nos olhos umas das outras,
e também para apaziguar os mudos,
o governo decidiu atribuir
a cada pessoa exatamente cento
e sessenta e sete palavras por dia.

Quando o telefone toca, coloco-o no ouvido
sem dizer alô. No restaurante,
aponto para a sopa de macarrão com frango.
Estou me adaptando bem ao novo jeito.

Tarde da noite, ligo para a minha amada distante,
e com orgulho digo: Só usei cinquenta e nove hoje.
Guardei as demais para você
.

Quando ela não responde,
eu sei que ela já usou todas as suas palavras,
então sussurro lentamente eu te amo
trinta e duas vezes e mais um terço.
Depois disso, apenas ficamos na linha
ouvindo a respiração um do outro.

Trad.: Nelson Santander

The Quiet World

In an effort to get people to look
into each other’s eyes more,
and also to appease the mutes,
the government has decided
to allot each person exactly one hundred
and sixty-seven words, per day.

When the phone rings, I put it to my ear
without saying hello. In the restaurant
I point at chicken noodle soup.
I am adjusting well to the new way.

Late at night, I call my long distance lover,
proudly say I only used fifty-nine today.
I saved the rest for you.

When she doesn’t respond,
I know she’s used up all her words,
so I slowly whisper I love you
thirty-two and a third times.
After that, we just sit on the line
and listen to each other breathe.

Paulo Henriques Britto – Nenhuma Arte

Os deuses do acaso dão, a quem nada
lhes pediu, o que um dia levam embora;
e se não foi pedida a coisa dada
não cabe se queixar da perda agora.
Mas não ter tido nunca nada não
seria bem melhor — ou menos mau?
Mesmo sabendo que uma solidão
completa era o capítulo final,
a anestesia valeria o preço?
(Rememorar o que não foi não dá
em nada. É como enxergar um começo
no que não pode ser senão o fim.
Ontem foi ontem. Amanhã não há.
Hoje é só hoje. Os deuses são assim.)

II

Tempo agora perdido
(todo tempo se perde)
vivo só nos vestígios

que resistem por leves
(tudo que pesa afunda)
no mais raso da pele

onde o que foi desejo
(tudo que fica dói)
até hoje lateja.

III

Pois era assim: o dia era mais dia,
diáfano, diíssimo, e entre um
e outro dia o luxo de uma noite.
E isso era tudo. Havia isso. E mais

a promessa de que após esse dia
viria uma noite, e, depois, mais um,
primícia da iguaria de uma noite.
Isso era vida. Isso era até demais,

e isso nenhum de nós nunca entendia,
e era dia claro, e isso nenhum
de nós via, como se fosse noite.
E isso bastava. Não havia mais

que a sucessão que não cessava: dia
se abrindo em noite a desabrochar num
dia em que sempre eclodia uma noite.
Isso era sempre. E agora, nunca mais.

IV

Uma vida inteira passada
dentro dos confins de um corpo
junto ao qual vem atrelada
a consciência, peso morto
que acusa o golpe sofrido
e cochicha ao pé do ouvido
depois que o fato se deu:
nada que te pertence é teu.

Único antídoto do nada
entre as peçonhas da vida,
coisa por sorte encontrada
e por desgraça perdida,
amor lega, em sua ausência,
um lembrete à consciência
(se ela por acaso esqueceu):
nada que te pertence é teu.

Princípio? Tudo é contingente.
Fim? Toda luz termina em breu.
Sentido? Quem quiser que invente,
quem não quiser se contente
com este presente besta
que, quando acabou a festa,
a vida avara lhe deu:
nada que te pertence é teu.

V

Veja e toque, e se contente.
Nada mais lhe é permitido.
Pois tudo que você tem
só é seu no escasso sentido

em que é sua a sombra escassa
que esse seu corpo segrega,
que some assim que se apaga
a exata luz que ela nega.

VI

Aprender enfim
a cruel lição:
a que só se aprende
por subtração:

a que não saber
não é desvantagem
(pois nem sempre é ganho
uma aprendizagem

(o que vai de encontro
ao que muitos pensam)),
e sim uma sorte,
uma vera bênção:

a que não é arte
nem tampouco ciência:
pois não há teoria —
só práxis — da ausência.

(Mas dizer-lhe o nome
já é exorcizá-la:
quem a vivencia
cala.)

Aqui: https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/14473.pdf

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 25/11/2018

Alison Luterman – Eu admito

Eu a segui
no mercado; sua coroa
de tranças de neve presa por um grande grampo de prata,
seu porte ereto, irradiando ternura,
a maneira como ela colocava iogurte e abacates em sua cesta,
irradiando paz como a Estrela Polar.
Eu desejei perguntar: “Em que prateleira você encontrou
sua serenidade? Você sabe
como manter um casamento de cinquenta anos, ou como viver sozinha,
desculpe-me por interromper, mas você parece possuir
algum conhecimento que faz a terra girar em seu eixo e queimar”.
Mas hoje em dia não fazemos tais perguntas
a estranhos. Então eu disse: “Eu amo o seu cabelo”.

Trad.: Nelson Santander

I Confess

I stalked her
in the grocery store; her crown
of snowy braids held in place by a great silver clip
her erect bearing, radiating tenderness,
the way she placed yogurt and avocadoes in her basket,
beaming peace like the North Star.
I wanted to ask, “What aisle did you find
your serenity, do you know
how to be married for fifty years, or how to live alone,
excuse me for interrupting, but you seem to possess
some knowledge that makes the earth burn and turn on its axis.”
But we don’t request such things from strangers
nowadays. So I said, “I love your hair.”

Francisco Brines – O Triunfo do Amor

Eu te amei em Queroneia. Vivos éramos.
Em meio à tristeza derruída,
um sopro mortal: éramos vivos.
Séculos se passaram, e outros olhos
contemplam as ruínas, ainda intactas.
Quem percorreu este lugar? Apenas o vazio
foi o tecido do tempo nesta planície.

Eu te amei em Queroneia. Impalpável
era o calor das cinzas humanas,
e na manhã solitária jazem
sombras de colunas tombadas, corpos
ardentes sob sua sombra. Quantas
mortes teriam que ocorrer? Apagou-se
tua bela juventude, ventou na minha,
aqui nada perdurou, onde buscamos
que o coração se acelere, como
se fosse o único sinal de vida.

Na manhã solitária, amados,
acelerai o coração, como
se fosse o único sinal de vida.
Apenas o vazio é duradouro.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO, com alterações na tradução: poema publicado na página originalmente em 19/11/2018

El Triunfo Del Amor

Yo te amé en Queronea. Vivos éramos.
Entre la pesadumbre derruida
Un hálito mortal: éramos vivos.
Los siglos han pasado, y otros ojos
Contemplan las ruinas, aún intactas.
¿Quién aquí transcurrió? Sólo el vacío
fue el tejido del tiempo en este llano.

Yo te amé en Queronea. Impalpable
era el calor de la ceniza humana,
y en la mañana solitaria yacen
sombras de fustes derribados, cuerpos
ardientes fuimos en su sombra. Cuánta
muerte tendría que llegar, borró
tu hermosa juventud, sopló en la mía,
nada perduró aquí, donde buscamos
que el corazón se acelere, como
si fuese el solo signo de la vida.

En la mañana solitaria, amaros,
acelerad el corazón, como
si fuese el solo signo de la vida.
Perdurable tan sólo es el vacío.

Charles Simic – O ausente

Alguém está chegando tarde em casa.
A lâmpada deixada para ele na janela
Arde à medida que o dia amanhece,
E arderá ainda por muitos meses.

Nossa pequena rua é escura à noite.
As gaiolas são cobertas cedo.
Os peixinhos dourados mal se mexem em seus aquários.
Até mesmo as luzes da varanda estão apagadas,

Deixando apenas a janela acesa
Para as mariposas prestarem suas homenagens
Até que o tempo esfrie
E os telhados fiquem cobertos de neve.

Trad.: Nelson Santander

The Absent One

Someone’s late coming home.
The lamp left for him in the window
Burns as the day breaks,
And will burn for months after.

Our small street is dark at night.
The birdcages are covered early.
The goldfish barely stir in their jars.
Even the porch lights are off,

Leaving only his window lit
For moths to pay their respects
Until the weather turns cold
And the roofs are white with snow.

Rupi Kaur – Depressão é uma sombra que mora em mim

ontem
quando saí da cama
o sol caiu no chão e rolou pela grama
as flores decapitaram a si mesmas
a única coisa viva que sobrou fui eu
e eu já não sei se isso é vida

Trad.: Ana Guadalupe

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 20/11/2018

James Stephens – Deirdre

Mulher alguma leia este poema,
composto para homens; e depois para seus filhos
e os filhos dos seus filhos.

Já veio o tempo de abater-se o coração:
basta lembrarmos Deirdre* e sua história,
oh! que seus lábios já são poeira!

Outrora ela pisava a terra; os homens
seguravam-lhe a mão; fitavam-na e diziam
o que lhe tinham a dizer, e ela lhes respondia.

Mais de mil anos se passaram desde quando Deirdre
era formosa; e caminhava pela relva;
e olhava as nuvens.

Mil anos! Mil! A relva continua a mesma
e as nuvens são tão meigas como nos antigos tempos
em que vivia Deirdre;

jamais, porém, nasceu mulher
de formosura igual: nenhuma foi jamais
tão bela entre as mulheres.

Que se apartem os homens e ergam juntos seu lamento:
já nenhum homem pode amá-la,
nem ela pode atear paixões.

Ninguém pode inclinar-se diante dela nem dizer-lhe
– que poderia alguém dizer? Não há palavras
que alguém pudesse lhe dizer!

Deirdre agora é uma lenda que se conta
ao pé do fogo. E já ninguém conseguirá
ser amigo da mísera rainha.

Trad. Péricles Eugênio da Silva Ramos

* Deirdre é uma personagem importante da mitologia irlandesa. Segundo a lenda, ela era uma mulher de extrema beleza que foi prometida em casamento ao rei Conchobar. No entanto, Deirdre apaixonou-se por Naoise, um guerreiro que havia sido exilado da corte de Conchobar. Juntos, Deirdre e Naoise fugiram para a Escócia, onde viveram felizes por um tempo. Mas quando Conchobar descobriu o paradeiro do casal, ele os convenceu a retornar para a Irlanda com a promessa de que não seriam prejudicados. No entanto, Conchobar traiu sua promessa e mandou matar Naoise e seus irmãos. Deirdre, desesperada com a perda de seu amado, se matou. O mito de Deirdre é simbólico de muitos temas, incluindo amor, traição, destino e liberdade. A história de Deirdre é frequentemente associada à ideia da beleza trazendo a desgraça, bem como à ideia da mulher como vítima de uma sociedade patriarcal opressiva. A história também é vista como um conto trágico de amor e devoção, com Deirdre e Naoise sendo lembrados como um dos grandes casais da mitologia celta. O mito continua sendo uma inspiração para muitas obras de arte e literatura modernas, bem como um importante aspecto da cultura irlandesa e celta.

Deirdre

Do not let any woman read this verse;
It is for men, and after them their sons
And their son’s sons.

The time comes when our hearts sink utterly;
When we remember Deirdre and her tale,
And that her lips are dust.

Once she did tread the earth: men took her hand;
They looked into her eyes and said their say,
And she replied to them.

More than a thousand years it is since she
Was beautiful: she trod the waving grass;
She saw the clouds.

A thousand years! The grass is still the same,
The clouds as lovely as they were that time
When Deirdre was alive.

But there has never been a woman born
Who was so beautiful, not one so beautiful
Of all the women born.

Let all men go apart and mourn together;
No man can ever love her; not a man
Can ever be her lover.

No man can bend before her: no man say —
What could one say to her? There are no words
That one could say to her!

Now she is but a story that is told
Beside the fire! No man can ever be
The friend of that poor queen.