Não importa o que você faça,
não é possível retê-lo por muito tempo,
nem trazê-lo de volta.
O céu, o céu vazio,
quase azul, as casas modestas do sono,
cobertas de musgo, irão chamá-lo.
Não importa o quanto você ame,
este amor vai passar, vai passar,
seus amigos imortalizados,
partiram, se perderam. Incandescem os verãos
e os anos, e tudo o que você conhece
desaparece, ferido pela escuridão.
Não importam filhos, esposa,
ou arte. O rio serpenteia
e serpenteia novamente rumo ao mar.
O suave estalar de lábios de vermes,
os pés de uma aranha sobre
uma folha; você vê, você ouve.
Não importam bênçãos, raiva,
ou repouso: os mortos permanecem mortos.
Você caminha, espinha firme, você se ajoelha,
encosta o ouvido no
chão. Deus vive ali?
Deus vive em algum lugar?
Trad.: Nelson Santander
Irreconcilabilia
No matter what you do
you cannot hold it long
or take it back again.
The sky, the barely blue
blank sky, the tight moss-bound
houses of sleep, will call.
No matter how hard you love,
that love will pass, will pass,
your friends imparadised,
gone, lost. The summers blaze,
the years, and what you know
grows dim, hurt by the dark.
No matter child, or wife,
or art. The river bends
and bends again seaward.
The soft lip-click of worms,
a spider’s feet across
a leaf; you see, you hear.
No matter blessings, rage,
or rest: the dead stay dead.
You walk, spine alive, you kneel,
you lay your ear down on
the ground. Does God live there?
Does God live anywhere?