Paulus Silentiarius – da “Antologia Grega”

Zeus, em chuva de ouro, atravessou o bronze
que guardava Danae e roubou-lhe a virgindade.
Moral da história: o ouro tudo domina – paredes
e grilhetas de bronze, fechaduras e peias.
Foi o ouro que subjugou Danae. Não é necessário
rezar a Afrodite; só é preciso dinheiro.

Versão: José Alberto Oliveira

Lucilius – da “Antologia Grega”

Eutychides, o poeta lírico, morreu.
Fugi, ó moradores do Hades! – ele transporta odes
e ordenou que consigo queimassem
vinte liras e vinte e cinco pautas de música,
que Caronte terá de transportar.
Onde se poderá encontrar refúgio,
agora que Eutychides canta pela eternidade?

Versão: José Alberto Oliveira

Anônimo – da “Antologia Grega”

Não esbanjem comigo o odor da mirra,
nem ofereçam coroas de flores,
nem acendam a pira funerária,
tudo isso é desperdício; ofereçam-me
presentes, se quiserem, enquanto
estiver vivo – mas espalhar cinzas
no vinho torná-lo-á lama
e dele não beberão os mortos.

Versão: José Alberto Oliveira

Automedon – da “Antologia Grega”

Mandaste chamá-la, disseste para vir,
preparaste tudo. Mas, se vier, o que farás?
Repara no que se passa contigo, Automedon.
Esse canalha, que era alegre e firme, está
agora flácido, como cenoura cozida, morto
e encolhido entre as pernas. Como irão
rir se te puseres a navegar de mãos
vazias, um remador que perdeu o remo.

Versão: José Alberto Oliveira

Marcus Argentarius – da “Antologia Grega”

Psyllas jaz aqui. A sua ocupação
proxeneta; mantinha um bando
de raparigas e alugava-as para festas.
Um negócio pouco simpático, ganhar
dinheiro com carne humana e fraca.
Mas poupem o seu túmulo, não atirem
pedras, agora que está morto e enterrado.
Lembrem-se disto: os serviços que prestou
convenceram os rapazes a deixarem
as nossas mulheres sossegadas.

Versão: José Alberto Oliveira