Goethe – Aos leitores amigos

Poetas não podem calar-se,
Querem às turbas mostrar-se.
Há-de haver louvores, censuras!
Quem vai confessar-se em prosa?
Mas abrimo-nos sub rosa
No calmo bosque das Musas.

Quanto errei, quanto vivi,
Quanto aspirei e sofri,
Só flores num ramo – aí estão;
E a velhice e a juventude,
E o erro e a virtude
Ficam bem numa canção.

Trad: Paulo Quintela

An die Günstigen

Dichter lieben nicht zu schweigen,
Wollen sich der Menge zeigen.
Lob und Tadel muß ja sein!
Niemand beichtet gern in Prosa;
Doch vertraun wir oft sub rosa
In der Musen stillem Hain.

Was ich irrte, was ich strebte,
Was ich litt und was ich lebte,
Sind hier Blumen nur im Strauß;
Und das Alter wie die Jugend,
Und der Fehler wie die Tugend
Nimmt sich gut in Liedern aus.

Goethe – Pensamentos Noturnos

Tão belas na rútila luz soberana,
Guia do navegante aflito, sem norte
(E sem recompensa, divina ou humana),
– Tenho dó de vocês, estrelas sem sorte,
Sem jamais amar e sem saber do amor!
Tangendo, incansáveis, as horas eternas
Na ronda do tempo das vastas esferas,
Vocês vão cumprindo percursos sem conta.
Mas eu, se nos braços dela permaneço,
Da noite que passa – e de vocês – me esqueço.

Trad.: Décio Pignatari