Mikhail Svetlov – Dois

Deitaram-se junto à fogueira,
estenderam os corpos sem forças,
e uma bala atravessou a têmpora de um
entrando pela nuca do outro.

Abraçados às metralhadoras,
de que cuidavam escrupulosamente,
nem a tempestade, nem a neve convertida em gelo
conseguiram retirar-lhas.

Um oficial aproximou-se dos moribundos,
tirou-os dos braços um do outro desajeitadamente
e enquanto o seu olho verificava a mira
ordenou que entregassem a arma.

Mas os rostos mortos não revelam medo,
a alegria adormeceu nas suas expressões…
E o terceiro logo sentiu frio
face à sinistra felicidade daqueles dois.

1924

Versão de Diogo Vaz Pinto, a partir de tradução de Natalia Litvinova
(http://omelhoramigo.blogspot.com.br/2016/12/dois.html)