Carolyn Creedon – Mulher, minada

Na seção de cosméticos da Lord & Taylor
eles a levarão para um lugar bem exposto,
claro como o dia, e a fotografarão com uma câmera ultravioleta,
mostrando-lhe o que você fez com sua pele apenas
por viver, seu rosto subitamente exposto, como aquilo que
realmente está acontecendo sob uma tora levantada, a verdadeira você
que você é, capturada e fixada como uma mariposa,
como uma ladra, como uma mulher sobre uma mesa

e a senhora no impecável jaleco branco sacudirá
habilmente o instantâneo na sua frente, disposto
como um mapa de países conquistados, codificado por cores,
os lugares roxos e marrons que você abandonou
sem cuidados aos vinte e poucos anos, para as noitadas e
espreguiçadeiras e homens junto a piscinas, todos os homens
que você tocou, aqueles que a marcaram, cujos sinais
você carrega, e agora você pode ver a arqueologia
das lágrimas, seus rastros de ácido branco, e a senhora
dirá, severamente, Veja o que você fez

e você verá o estrago que fez, e você
verá as vezes em que foi descuidadamente para a cama
com alguém sem o hidratante adequado, quando você
amamentou aquele homem como a um bebê, e quando você se movia
com outro como uma menina sobre uma cadeira de balanço até cair
e perde-lo, e quando finalmente escolheu um outro, como a melhor de todas as
flores, e o manteve, chorou com ele, fez-lhe sanduíches,
fez-lhe um bebê, e você envergará o seu rosto
com seu âmbar merecido, sua ametista, seu entalhe
de diamante lanhado, e dirá: Eu sou lapidada assim.

Trad.: Nelson Santander

Woman, Mined

In the cosmetics department of Lord & Taylor
they’ll take you right there, right out in the open,
plain as day, and snap you with an ultraviolet camera,
show you what you’ve done to your skin just
by living, your face exposed suddenly like what’s
really going on under a lifted-up log, the real you
you are, caught and pinned like a moth,
like a shoplifter, like a woman on a table

and the lady in the crisp white smock will expertly
flick the snapshot in front of you, laid out
like a color-coded map of conquered countries,
the purples and browns places you gave up
without a care in your twenties, to late nights
and poolside deck chairs and men, all the men
you touched, the ones who marked you, whose traces
you bear, and now you can see the archaeology
of tears, their white-acid trails, and the lady
will say, sternly, Look what you did

and you will see the mess of it you made, and you
will see the times when you carelessly went to bed
with someone without the proper moisturizer, when you
suckled that man like a baby, and when you moved
with another like a girl on a rocker until you fell off
and lost him, and finally picked another, like the best-of-all
flower, and kept him, cried on him, made him sandwiches,
made him a baby, and you’ll wear your face
with its amber earned, its amethyst, its intaglio tear-
etched diamond, and say, I am cut that way.