Peço à minha filha para nomear os planetas.
“Vênus… Marte… e Plunis!”, ela diz.
Quando eu tinha seis ou sete anos, meu pai
me acordou no meio da noite.
Descemos até o playground e deitamos
de costas no concreto em busca
da chuva de meteoros anunciada na tv.
Não me lembro de nenhum meteoro. Lembro-me
de minhas costas pressionadas contra o planeta Terra,
a massa de meu pai como a gravidade ao meu lado,
os ruídos ocasionais de sua garganta,
os prédios de apartamentos com suas janelas escuras,
o céu perto o suficiente para toca-lo com meu dedo.
Agora, o conhecimento erode a maravilha.
Vozes persistentes me lembram que o sol
brilha no lado escuro da lua.
A ignorância de minha filha é meu êxtase.
Através dos olhos dela eu espio como um voyeur.
Eu viajo em um foguete para o planeta Plunis.
Em Plunis já não anseio pelo passado.
Em Plunis há surpresas reais.
Em Plunis eu sou feliz.
Trad.: Nelson Santander
Forgotten Planet
I ask my daughter to name the planets.
“Venus… Mars… and Plunis!” she says.
When I was six or seven my father
woke me in the middle of the night.
We went down to the playground and lay
on our backs on the concrete looking up
for the meteors the tv said would shower.
I don’t remember any meteors. I remember
my back pressed to the planet Earth,
my father’s bulk like gravity next to me,
the occasional rumble from his throat,
the apartment buildings dark-windowed,
the sky close enough to poke with my finger.
Now, knowledge erodes wonder.
The niggling voce reminds me that the sun
does shine on the dark side of the moon.
My daughter’s ignorance is my bliss.
Through her eyes I spy like a voyeur.
I travel in a rocket ship to the planet Plunis.
On Plunis I no longer long for the past.
On Plunis there are actual surprises.
On Plunis I am happy.