Que não cresça jamais em minhas entranhas
essa calma aparente chamada ceticismo
Fuja eu do ressentimento,
do cinismo,
da imparcialidade dos ombros encolhidos.
Creia eu sempre na vida
Creia eu sempre
nas minhas infinitas possibilidades.
Enganem-me os cantos das sereias,
que minha alma tenha sempre uma pitada de ingenuidade.
Que nunca se pareça minha epiderme
com a pele de um imóvel e congelado
paquiderme.
Que eu chore, todavia,
por sonhos impossíveis
por amores proibidos
por fantasias femininas feitas em pedaços.
Fuja eu do realismo espartilhado.
Conservem-se em meus lábios as canções,
muitas e muito altas e com muitos acordes.
Para o caso de chegarem tempos de silêncio.
Trad.: Nelson Santander
Invocación
Que no crezca jamás en mis entrañas
esa calma aparente llamada escepticismo.
Huya yo del resabio,
del cinismo,
de la imparcialidad de hombros encogidos.
Crea yo siempre en la vida
crea yo siempre
en las mil infinitas posibilidades.
Engáñenme los cantos de sirenas,
tenga mi alma siempre un pellizco de ingenua.
Que nunca se parezca mi epidermis
a la piel de un paquidermo inconmovible,
helado.
Llore yo todavía
por sueños imposibles
por amores prohibidos
por fantasías de niña hechas añicos.
Huya yo del realismo encorsetado.
Consérvense en mis labios las canciones,
muchas y muy ruidosas y con muchos acordes.
Por si vinieran tiempos de silencio.