Às vezes, como um antídoto
Para o medo da morte,
Eu como as estrelas.
Nessas noites, deitada de costas,
Eu as sorvo da escuridão que se dissipa
Até que estejam todas, todas elas dentro de mim,
Fortes e picantes.
Às vezes, ao invés disso, eu me entrego
A um universo ainda jovem,
Ainda quente como o sangue:
Nenhum espaço sideral, apenas o espaço,
A luz de todas as estrelas ainda não
Flutuando como uma névoa brilhante,
E todos nós, e tudo
o que já existe,
Mas não limitado pela forma.
E às vezes é o suficiente apenas
Deitar aqui na terra
Junto de nossos longos ossos ancestrais:
Caminhar pelos campos pavimentados
Com nossos crânios descartados,
Cada um como um tesouro, como uma crisálida,
Pensando: o que quer que tenha deixado estas carcaças
Voou para longe em asas brilhantes.
Trad.: Nelson Santander
Antidotes to fear of death
Sometimes as an antidote
To fear of death,
I eat the stars.
Those nights, lying on my back,
I suck them from the quenching dark
Til they are all, all inside me,
Pepper hot and sharp.
Sometimes, instead, I stir myself
Into a universe still young,
Still warm as blood:
No outer space, just space,
The light of all the not yet stars
Drifting like a bright mist,
And all of us, and everything
Already there
But unconstrained by form.
And sometime it’s enough
To lie down here on earth
Beside our long ancestral bones:
To walk across the cobble fields
Of our discarded skulls,
Each like a treasure, like a chrysalis,
Thinking: whatever left these husks
Flew off on bright wings.