Alguém me chama: vem ouvir!
Os pássaros cantam forte na manhã
Com a mesma tenacidade
De um prego ao penetrar a madeira.
Sem hesitações anunciam
O que é de sua obrigação.
Ignoram o estabelecido pela noite prévia
E sistematicamente, com os métodos da água
Fazem seu canto fluir
Entre insuspeitas ranhuras
Na estrutura do mundo,
Tornando explícito o que era implícito
Na solidão das coisas.
E mesmo ante a mudez de dois olhos abertos,
Os pássaros põem seu canto
De encontro aos muros
E convicção, se entre pássaros há,
Se assemelha a que numa lágrima há,
Quando a lágrima que há,
É como um pássaro que canta.