Sentimento do tempo1931 E à luz mais própria,Deixando apenas uma sombra violácea,Sobre os cimos mais baixos,A distância aberta ao alcance,Cada batida, como usa o coração,Agora escuto,Apressa-te, tempo, a por-me sobre os lábiosTeu último beijo. Trad.: Geraldo Holanda Cavalcanti Giuseppe Ungaretti - Sentimento del tempo1931 E per la luce giusta,Cadendo solo un ombra violaSopra il … Continue lendo Giuseppe Ungaretti – Sentimento do tempo
Categoria: Poesia em Língua Italiana
Goliarda Sapienza – Para minha mãe
Quando eu voltarserá noite fechadaQuando eu voltaras coisas estarão quietasNinguém vai me esperarnaquele leito de terraNinguém vai me acolhernaquele silêncio de terra Ninguém vai me consolarpor todas as partes já mortasque carrego em mimcom resignada impotênciaNinguém vai me consolarpelos instantes perdidospelos sons esquecidosque há tempoviajam ao meu lado e tornam densoo respiro, lamacenta a língua … Continue lendo Goliarda Sapienza – Para minha mãe
Giuseppe Ungaretti – Céu claro
Bosque de Courton, julho de 1918 Depois de tanta névoa uma a uma se desvelam as estrelas Respiro o frescor que me deixa a cor do céu Me reconheço imagem passageira Presa de um ciclo imortal Trad.: Geraldo Holanda Cavalcanti Giuseppe Ungaretti - Sereno Bosco di Courton luglio 1918 Dopo tanta nebbia a una a … Continue lendo Giuseppe Ungaretti – Céu claro
Giuseppe Ungaretti – Sou uma criatura
Valloncello di Cima Quattro, 5 de agosto de 1916 Como esta pedra de S. Michele tão fria tão dura tão seca tão indiferente tão completamente sem ânimo Como esta pedra é meu pranto que não se vê A morte se expia vivendo Trad.: Geraldo Holanda Cavalcanti Giuseppe Ungaretti - Sono una creatura Valloncello di Cima … Continue lendo Giuseppe Ungaretti – Sou uma criatura
Giuseppe Ungaretti – Silêncio
Mariano, 27 de junho de 1916 Conheço uma cidade que cada dia se enche de sol e tudo é arrebatado nessa hora Dela parti uma tarde No coração perdurava o limar das cigarras Do navio laqueado de branco vi minha cidade sumir deixando por um instante no ar toldado um abraço de luzes suspensas Trad.: … Continue lendo Giuseppe Ungaretti – Silêncio
Giuseppe Ungaretti – In Memoriam
Locvizza, 30 de setembro de 1916 Chamava-se Moammed Sceab Descendente de emires de nômades suicida porque não tinha mais Pátria Amou a França e mudou de nome Foi Marcel mas não era francês e já não sabia viver na tenda dos seus onde se escuta a cantilena do Alcorão saboreando um café E não sabia … Continue lendo Giuseppe Ungaretti – In Memoriam
Giuseppe Ungaretti – Vaidade
De repente se eleva sobre os escombros a límpida maravilha da imensidão. E o homem curvado sobre a água surpreendida pelo sol se descobre uma sombra Embalada pouco a pouco desfeita Trad : Geraldo Holanda Cavalcanti Vanità D’improvviso è alto sulle macerie il limpido stupore dell’immensità E l’uomo curvato sull’acqua sorpresa dal sole si rinviene … Continue lendo Giuseppe Ungaretti – Vaidade
Antonia Pozzi – Desalento
Tristeza destas minhas mãos demasiado pesadas para não abrirem feridas, demasiado leves para deixarem marca – tristeza desta minha boca que diz as mesmas palavras que tu – significando outras coisas – e esta é a expressão da mais desesperada distância. Trad.: Inês Dias Sfiducia Tristezza di queste mie mani troppo pesanti per non aprire … Continue lendo Antonia Pozzi – Desalento
Antonia Pozzi – Canto da Minha Nudez
Olha para mim: estou nua. Da inquieta languidez da minha cabeleira até à tensão fina do meu pé, sou toda de uma magreza amarga envolta numa cor de marfim. Olha: como é pálida a minha carne. Dir-se-ia que o sangue não a percorre. O vermelho não transparece. Apenas uma lânguida pulsação azul se esbate no … Continue lendo Antonia Pozzi – Canto da Minha Nudez
Antonia Pozzi – Grito
Não ter um Deus não ter um túmulo não ter nada de certo mas apenas coisas vivas que nos fogem - existir sem ontem existir sem amanhã e cegar no vazio - socorro - pelo sofrimento que não tem fim - 10 de fevereiro de 1932 Trad.: Inês Dias Grido Non avere un Dio non … Continue lendo Antonia Pozzi – Grito