Joaquín Benito de Lucas – Elegia

Quando agora retorno
à minha cidade, não posso conter
a emoção de saber que não sou esperado.
Não me espera meu pai, que desceu rio abaixo
muito lentamente entre os juncos, sob pontes enevoadas.

Não me espera meu irmão,
que me esperava sempre ao lado de um balcão
qualquer, em uma rua qualquer
brindando ao meu último
livro ou por sua desgraça
ou por outro motivo interessante.
Tampouco me espera
o outro irmão, o que acabou de partir,
deixando-me a sina
de seus sapatos e suas vestes,
que lustro e passo a ferro
e visto e volto a vestir
sem saber o que me sobra ou o que me falta.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO (com ligeiras alterações na tradução): poema publicado no blog originalmente em 02/03/2018


Joaquín Benito de Lucas – Elegía

Cuando regreso ahora
a mi ciudad, no puedo contener
la emoción de saber que no me esperan.
No me espera mi padre, que se marchó río abajo
muy despacio entre juncos, bajo puentes de niebla. 

No me espera mi hermano,
que me esperaba siempre al pie de un mostrador
cualquiera, en cualquier calle
brindando por mi último
libro o por su desgracia
o por otro motivo interesante.
Ni tampoco me espera
el otro hermano que recién se ha ido,
dejándome la sombra
de sus zapatos y sus trajes,
que cepillo y que plancho
y me pruebo y me pruebo
sin saber qué me sobra o qué me falta.

Joaquín Benito de Lucas – Elegia

Quando agora retorno
à minha cidade, não posso conter
a emoção de saber que não me esperam.
Não me espera meu pai, que desceu rio abaixo
muito lentamente entre os juncos, sob pontes de névoa.
Não me espera meu irmão,
que me esperava sempre ao lado de um balcão
qualquer, em uma rua qualquer
brindando ao meu último
livro ou por sua desgraça
ou por outro motivo interessante.
Nem me espera
o outro irmão que acabou de partir,
deixando-me à sombra
de seus sapatos e roupas,
que escovo e passo a ferro
e provo e volto a provar
sem saber o que me sobra ou o que me falta

Trad.: Nelson Santander


Joaquín Benito de Lucas – Elegía

Cuando regreso ahora
a mi ciudad, no puedo contener
la emoción de saber que no me esperan.
No me espera mi padre, que se marchó río abajo
muy despacio entre juncos, bajo puentes de niebla. 

No me espera mi hermano,
que me esperaba siempre al pie de un mostrador
cualquiera, en cualquier calle
brindando por mi último
libro o por su desgracia
o por otro motivo interesante.
Ni tampoco me espera
el otro hermano que recién se ha ido,
dejándome la sombra
de sus zapatos y sus trajes,
que cepillo y que plancho
y me pruebo y me pruebo
sin saber qué me sobra o qué me falta.