Marissa Davis – Singularidade

Singularidade

(depois de Marie Howe)

no início sem verbo
iguana & mirra
magma & mariposa-fantasma do recife
& os cordyceps fazendo cócegas em seus nervos
& cedro & arquipélago & anêmona
pássaro dodo & cardeal esperando por seu sal
vermelho do oceano & óleo cru agora lama
preta agora o mais naïve plâncton hesitante
cada ovo agarrado à cópia maleável
de mim não-mulher sem-raça
assexuada como o procarioto extático
que enfureceria o sangue do meu tio
ou a bactéria que faria viúvo
o filho mais velho da filha mais velha dele
meu tio, o filho dele nosso sol mamute
& seus incontáveis irmãos & ácaros & turfa
apatosaurus & rio nilo
& carvalho verde & nude & calafrio-corado &
queratina fermentada inseto-estripada eu & você
baço & fêmur sete-anos renovados
sete-anos vertendo & tirando & sendo esta poeira
& meus filhos & seus filhos
& os filhos deles & os filhos
dos ursos negros & gladíolos & toranja pink florida
aqui não aliados mas a mesma respiração perpétua
agarrados uns aos outros com a própria pele
frio-dormente & podridão & nascimento & ter nascido
no olimpo da menor
possibilidade uma vez antes outrora

Trad.: Nelson Santander

Singularity

(after Marie Howe)

in the wordless beginning
iguana & myrrh
magma & reef ghost moth
& the cordyceps tickling its nerves
& cedar & archipelago & anemone
dodo bird & cardinal waiting for its red
ocean salt & crude oil now black
muck now most naïve fumbling plankton
every egg clutched in the copycat soft
of me unwomaned unraced
unsexed as the ecstatic prokaryote
that would rage my uncle’s blood
or the bacterium that will widow
your eldest daughter’s eldest son
my uncle, her son our mammoth sun
& her uncountable siblings & dust mite & peat
apatosaurus & nile river
& maple green & nude & chill-blushed &
yeasty keratined bug-gutted i & you
spleen & femur seven-year refreshed
seven-year shedding & taking & being this dust
& my children & your children
& their children & the children
of the black bears & gladiolus & pink florida grapefruit
here not allied but the same perpetual breath
held fast to each other as each other’s own skin
cold-dormant & rotting & birthing & being born
in the olympus of the smallest
possible once before once

Marie Howe – Singularidade

Singularidade

(depois de Stephen Hawking)

Você às vezes não gostaria de acordar para a singularidade
que um dia fomos?

tão compactos ninguém
precisava de cama, ou comida, ou dinheiro —

ninguém se escondendo no banheiro da escola
ou sozinho em casa

abrindo a gaveta
onde os comprimidos são guardados.

Pois cada átomo que pertence a mim
Pertence a você. Lembra-se?

Não havia Natureza. Não havia
eles. Nem testes

para determinar se o elefante
sofre por sua cria ou se

o recife de coral sente dor. Oceanos
arruinados não falam Inglês ou Farsi ou Francês;

se pudéssemos acordar para o que éramos
— quando éramos oceano e antes disso

quando o céu era terra, e o animal, energia, e a rocha era
líquida e as estrelas eram espaço e espaço não era

nada — nada

antes de começarmos a acreditar que os humanos eram tão importantes
diante desta terrível solidão.

Podem as moléculas se lembrar?
o que uma vez foi? antes de algo acontecer?

Não Eu, não Nós, ninguém. Não havia
o verbo, nem o substantivo
só um ponto muito minúsculo repleto de

é é é é é

A totalidade de tudo em casa

Trad.: Nelson Santander

Singularity


(after Stephen Hawking)

Do you sometimes want to wake up to the singularity
we once were?

so compact nobody
needed a bed, or food or money —

nobody hiding in the school bathroom
or home alone

pulling open the drawer
where the pills are kept.

For every atom belonging to me as good
Belongs to you. Remember?

There was no Nature. No
them. No tests

to determine if the elephant
grieves her calf or if

the coral reef feels pain. Trashed
oceans don’t speak English or Farsi or French;

would that we could wake up to what we were
— when we were ocean and before that

to when sky was earth, and animal was energy, and rock was
liquid and stars were space and space was not

at all — nothing

before we came to believe humans were so important
before this awful loneliness.

Can molecules recall it?
what once was? before anything happened?

No I, no We, no one. No was
No verb no noun
only a tiny tiny dot brimming with

is is is is is

All everything home

Jorge Valdés Díaz-Vélez – Ex libris

Eu reli novamente aqueles versos
que falavam de amor e que lemos
na noite em que ardeu Troia e nos perdemos
no fundo de seus negros universos.

Ouvi em cada folha os macios
relevos de tua pele em que achamos
haver bebido ao sol em seus racemos
e ao mar que refletia em seus cicios

fartos nossa ascensão ao precipício.
Fareja-se a luz desses momentos
Ao toque de um vinco. Há um indício

por debaixo das linhas sublinhadas,
uma brisa de ti, teus dedos lentos
abertos em quinas despovoadas.

Trad.: Nelson Santander

Ex libris

He vuelto a releer aquellos versos
que hablaban del amor y que leímos
la noche que ardió Troya y nos perdimos
al fondo de sus negros universos.

He oído en cada página los tersos
acentos de tu piel donde creímos
haber bebido al sol en sus racimos
y al mar que reflejaba en sus diversos

murmullos nuestro ascenso al precipicio.
Se puede oler la luz de esos momentos
Al tacto de un doblez. Queda un indicio

debajo de las líneas subrayadas,
un hálito de ti, tus dedos lentos
abiertos en esquinas despobladas.

Louise Glück – Abundância

Um vento frio sopra nas noites de verão, agitando o trigo.
O trigo se curva, as folhas dos pessegueiros
farfalham noite afora.

No escuro, um menino cruza o campo:
pela primeira vez, ele tocou uma garota
e então volta para casa como um homem, com a fome de um homem.

Lentamente, as frutas amadurecem —
cestas e mais cestas delas de uma única árvore,
então algumas apodrecem todos os anos,
e por algumas semanas há muitas:
antes e depois, nenhuma.

Entre as fileiras de trigo
você pode ver os ratos, lampejando e correndo
pelo terreno, não obstante as torres de trigo acima deles,
movendo-se com o vento do verão.

A lua está cheia. Um som estranho
vem do campo — talvez o vento.

Mas para os ratos é uma noite como outra qualquer de verão.
Frutos e grãos: um tempo de abundância.
Ninguém morre, ninguém passa fome.

Nenhum som, exceto o rugido do trigo.

Trad.: Nelson Santander

Abundance

A cool wind blows on summer evenings, stirring the wheat.
The wheat bends, the leaves of the peach trees
rustle in the night ahead.

In the dark, a boy’s crossing the field:
for the first time, he’s touched a girl
so he walks home a man, with a man’s hungers.

Slowly the fruit ripens—
baskets and baskets from a single tree
so some rots every year
and for a few weeks there’s too much:
before and after, nothing.

Between the rows of wheat
you can see the mice, flashing and scurrying
across the earth, though the wheat towers above them,
churning as the summer wind blows.

The moon is full. A strange sound
comes from the field—maybe the wind.

But for the mice it’s a night like any summer night.
Fruit and grain: a time of abundance.
Nobody dies, nobody goes hungry.

No sound except the roar of the wheat.

Edna St. Vincent Millay – Até tarde

Com a faca cega do Sono, se quiser,
Corte cada dia pela metade, amado —
Os anos que o Tempo tira do meu viver,
Ele deduzirá daquele outro lado!

Trad.: Nelson Santander

 

Midnight Oil *

Cut if you will, with Sleep’s dull knife,
Each day to half its length, my friend,—
The years that Time takes off my life,
He’ll take from off the other end!

 

*N do T.: O título do poema se origina da expressão inglesa burn the midnight oil (queimar o óleo da meia-noite, em tradução livre), uma expressão idiomática que significa algo como ler, estudar ou trabalhar até tarde da noite. Traduzir expressões idiomáticas ou gírias para o português no mais das vezes significa basicamente tentar encontrar expressões idiomáticas e gírias já existentes em nossa língua que tenham mais ou menos o mesmo significado da frase/gíria que se quer traduzir. Tarefa inglória, como se vê. O problema aqui é ainda maior, pois a poeta opta por cortar a expressão original pela metade (como sugere que se faça com o próprio Sono no corpo do poema) e, pior, no título da obra (midnight oil não está no corpo do poema, mas é alcançada pelo sentido geral dele). O melhor que deu para fazer aqui foi também limar a expressão trabalhar até tarde para tentar recuperar, ao menos em parte, o efeito do original.

Derek Mahon – Tudo vai ficar bem

Como eu não ficaria feliz em contemplar
as nuvens que se dissipam além da janela do sótão
e a maré alta refletida no teto?
Haverá mortes, haverá mortes,
mas não há necessidade de falar sobre isso.
Os poemas fluem espontaneamente da mão
e a fonte oculta é o coração vigilante.
O sol se levanta, apesar de tudo,
e as distantes cidades são belas e brilhantes.
Eu me deito aqui em uma profusão de luz solar
assistindo o nascer do dia e as nuvens flutuando.
Tudo vai ficar bem.

Trad.: Nelson Santander

Everything is Going to be All Right

How should I not be glad to contemplate
the clouds clearing beyond the dormer window
and a high tide reflected on the ceiling?
There will be dying, there will be dying,
but there is no need to go into that.
The poems flow from the hand unbidden
and the hidden source is the watchful heart.
The sun rises in spite of everything
and the far cities are beautiful and bright.
I lie here in a riot of sunlight
watching the day break and the clouds flying.
Everything is going to be all right.

Linda Hogan – Cruzamentos

Há um lugar no centro da terra
onde um oceano se dissolve dentro de outro
em um amor negro e sacro;
É por isso que as baleias de um oceano
conhecem as canções que vem de outro,
porque uma coisa se torna outra
e a areia escorre da ampulheta
para um outro tempo.
Vi uma vez um feto de baleia
em um breu de gelo brilhante.
Não era ainda uma baleia, e ainda exibia a sombra
de um rosto humano, e dedos que haviam crescido antes de
reverter e se transformar em barbatana.
Era uma criança de um mundo curvo de água que se tornou quadrado,
frio, pequeno.
Às vezes a nostalgia em mim
vem de quando me lembro
do território de origens cruzadas,
quando as baleias viviam em terra
e nós saíamos da água
para espalhar nossas vidas no ar.
Às vezes vem do copo esparramado de uma criança
que passou por todos os elementos
até o invólucro humano,
mas quando o virei para cima
vi que ela não queria viver
no ar. Ela mal perdera
os vestígios das fendas branquiais
e já era um membro do clã dos cruzamentos.
Como as marés,
ela queria voltar.
Eu falava entre os elementos
enquanto ela partia
e lhe disse: Vá.
Eu estava com os cavalos selvagens
naquela noite, quando a névoa se dissipou.
Eles atravessavam o rio a nado.
Escura era aquela água,
e ainda mais escuros, os cavalos,
e então eles se foram.

Trad.: Nelson Santander

Crossings

There is a place at the center of earth
where one ocean dissolves inside the other
in a black and holy love;
It’s why the whales of one sea
know songs of the other,
why one thing becomes something else
and sand falls down the hourglass
into another time.
Once I saw a fetal whale
on a black of shining ice.
Not yet whale, it still wore the shadow
of a human face, and fingers that had grown before the taking
back and turning into fin.
It was a child from the curving world of water turned square,
cold, small.
Sometimes the longing in me
comes from when I remember
the terrain of crossed beginnings
when whales lived on land
and we stepped out of water
to enter our lives in air.
Sometimes it’s from the spilled cup of a child
who passed through all the elements
into the human fold,
but when I turned him over
I saw that he did not want to live
in air. He’d barely lost
the trace of gill slits
and already he was a member of the clan of crossings.
Like tides of water,
he wanted to turn back.
I spoke across elements
as he was leaving
and told him, Go.
I was like the wild horses
that night when fog lifted.
They were swimming across the river.
Dark was that water,
darker still the horses,
and then they were gone.

Francisco Brines – Ardemos na floresta

Mas como conhecer, sem o olhar,
a beleza da floresta, a grandeza do mar?

A floresta estava atrás de mim; meus ouvidos
a conheciam: o farfalhar de suas folhas,
a confusão do canto de seus pássaros.
Sons que vinham de um remoto lugar.
E o mar do outro lado, golpeando
sua fronte, sem roça-la,
cobrindo-a de gotas. Era minha pele
que descobria seu frescor,
meu sonolento olfato que infundia no peito
seu aroma áspero.
Mas como conhecer, sem o olhar,
a beleza da floresta, a grandeza do mar?
Porque, no lugar do peito, não havia mais
do que uma extensa sombra.

(Mas que frio escaldante minhas pálpebras abrasa,
que luz me desvanece, que prolongado beijo
se estende até o centro da mesma sombra?)

Seu rosto era jovem,
seus lábios sorriam,
e o fogo aprisionado no seu corpo
era luz ardente.
Entramos no mar, rompemos
o céu com a fronte,
e envoltos pelas águas contemplamos
os limites da floresta,
sua extensa opacidade.
Deitados na praia, olhei para o rosto dela:
contemplava as nuvens;
e o fogo aprisionado no seu corpo
era de um sombrio resplendor.
Penetramos na floresta, e em seu limiar
detivemos nossos passos;
perdidos, atrás dos troncos, vimos o mar
escurecer.
Tinha o rosto triste,
e antes que para sempre ela envelhecesse
pus meus lábios nos dela.

Trad.: Nelson Santander

Ardimos en el bosque

¿Pero cómo saber, sin la mirada,
la hermosura del bosque, la grandeza del mar?

El bosque estaba tras de mí; lo conocían
mis oídos: el rumor de sus hojas,
la confusión del canto de sus pájaros.
Sonidos que venían de un remoto lugar.
Y el mar del otro lado, golpeando
la frente, sin rozarla,
cubriéndola de gotas. Era mi piel
quien descubría su frescura,
mi soñoliento olfato quien entraba en el pecho
su duro olor.
¿Pero cómo saber, sin la mirada,
la hermosura del bosque, la grandeza del mar?
Porque no había más, en el lugar del pecho,
que una extendida sombra.

(¿Mas qué frío candente mis párpados abrasa,
qué luz me desvanece, qué prolongado beso
llega hasta el mismo centro de la sombra?)

Joven el rostro era,
sus labios sonreían,
y el retenido fuego de su cuerpo
era quemada luz.
Entramos en el mar, rompíamos
el cielo con la frente,
y envueltos en las aguas contemplamos
las orillas del bosque,
su extensa fosquedad.
Miré, tendidos en la playa, el rostro:
contemplaba las nubes;
y el retenido fuego de su cuerpo
era un sombrío resplandor.
Penetramos el bosque, y en las lindes
detuvimos los pasos;
perdido, tras los troncos, miramos cómo el mar
oscurecía.
Tenía triste el rostro,
y antes que para siempre envejeciera
puse mis labios en los suyos.

Mary Oliver – Nenhuma viagem

Eu acordo mais cedo, agora que os pássaros chegaram
E cantam nas árvores inabaláveis.
Em um catre junto a uma janela aberta
Eu me estendo como campo consumido, enquanto desabrocha a primavera.

Agora, de todos os viajantes de que me lembro, quem dentre eles
Não embarcou com pesar em seus mapas? —
Até parece que os homens nunca vão a lugar nenhum, que eles só saem
De onde quer que estejam quando a morte começa.

Pessoalmente, acho que minha vida insuficiente
Não implora por nenhuma novidade ou simulação de distância;
Onde, em que país, poderia eu formular esses pensamentos,
de que ainda sou cidadã desta cidade decaída?

Em um catre junto a uma janela aberta, eu me deito e relembro
Enquanto os pássaros nas árvores cantam o círculo do tempo.
Deixem que os moribundos prossigam, e deixem-me, se eu puder,
Herdar do desastre antes de partir.

Oh, vou ver os grandes navios saindo do porto,
E minhas chagas pulsam de impaciência; ainda assim, volto
Para ordenar as ruínas lutuosas de minha casa:
Aqui ou em lugar nenhum, farei as pazes com o fato.

Trad.: Nelson Santander

No Voyage

I wake earlier, now that the birds have come
And sing in the unfailing trees.
On a cot by an open window
I lie like land used up, while spring unfolds.

Now of all voyagers I remember, who among them
Did not board ship with grief among their maps?—
Till it seemed men never go somewhere, they only leave
Wherever they are, when the dying begins.

For myself, I find my wanting life
Implores no novelty and no disguise of distance;
Where, in what country, might I put down these thoughts,
Who still am citizen of this fallen city?

On a cot by an open window, I lie and remember
While the birds in the trees sing of the circle of time.
Let the dying go on, and let me, if I can,
Inherit from disaster before I move.

O, I go to see the great ships ride from harbor,
And my wounds leap with impatience; yet I turn back
To sort the weeping ruins of my house:
Here or nowhere I will make peace with the fact.

Matthew Arnold – Praia de Dover

O mar esta noite descansa.
A maré está cheia, a lua, maravilhosa
Sobre os estreitos; a luz na costa da França
Cintila e se vai; as falésias da Inglaterra se elevam,
Cintilantes e vastas, na baía sem agitação.
Venha para a janela, doce é a noturna brisa!
Apenas, da longa linha de aspersão
Onde o mar e a lua se encontram,
Escute! ouça o ríspido bramido
De seixos que as ondas arremessam e chamam de volta,
Em seu retorno, acima da elevação,
E começa, e cessa, e novamente começa,
Com trêmula e lenta cadência, e assim escolta
Uma eterna nota da tristeza.

Sófocles, antigamente,
Ouviu o mesmo no Egeu, e isso alertou
Sua mente sobre o turvo fluir e a vazante
Da miséria humana; nós igualmente
Encontramos um pensamento no som,
Ouvindo-o por este mar do norte distante.

O Mar da Fé
Uma vez também já esteve cheio, e à volta das orlas de pandora
Se estendia como as dobras enroladas de um brilhante cinto.
Mas eu só ouço agora
Seus longos, retraídos e melancólicos clamores,
Que recuam até
Um alento de brisa noturna, descendo por litorais vastos e assustadores
E pelos cascalhos devassados do mundo.

Ah, amor, sejamos verdadeiros
Um com o outro! pois o mundo que se anuncia
Diante de nós como uma utopia,
Tão variada, tão bela, tão nova,
Não tem realmente nem amor, nem luz, nem dá satisfação,
Nem certeza, nem paz, nem lenitivo para nossa agonia;
E estamos aqui como em uma planície sombria
Varrida por sinais desordenados de fuga e confusão,
Onde exércitos ignorantes se batem na escuridão.

Trad.: Nelson Santander

Dover beach

The sea is calm tonight.
The tide is full, the moon lies fair
Upon the straits; on the French coast the light
Gleams and is gone; the cliffs of England stand,
Glimmering and vast, out in the tranquil bay.
Come to the window, sweet is the night-air!
Only, from the long line of spray
Where the sea meets the moon-blanched land,
Listen! you hear the grating roar
Of pebbles which the waves draw back, and fling,
At their return, up the high strand,
Begin, and cease, and then again begin,
With tremulous cadence slow, and bring
The eternal note of sadness in.

Sophocles long ago
Heard it on the Ægean, and it brought
Into his mind the turbid ebb and flow
Of human misery; we
Find also in the sound a thought,
Hearing it by this distant northern sea.

The Sea of Faith
Was once, too, at the full, and round earth’s shore
Lay like the folds of a bright girdle furled.
But now I only hear
Its melancholy, long, withdrawing roar,
Retreating, to the breath
Of the night-wind, down the vast edges drear
And naked shingles of the world.

Ah, love, let us be true
To one another! for the world, which seems
To lie before us like a land of dreams,
So various, so beautiful, so new,
Hath really neither joy, nor love, nor light,
Nor certitude, nor peace, nor help for pain;
And we are here as on a darkling plain
Swept with confused alarms of struggle and flight,
Where ignorant armies clash by night.