o tempo me fascina
o tempo (os ponteiros fascistas)
de horas assassinas
suas facetas, seus lados
cegos
surdos
mudos me atraem
seus mundos
passados/
presentes/
futuros me traem
subtraem
(o tempo perdido
a perda de tempo:
pretextos para a vida
e a morte)
os relógios de hoje são tão
belos
táteis
frágeis
mesmo nas horas mais negras
brilham
glaciais
antiga-
mente, as horas fluíam enferrujadas
sujas
ocas
foscas
opacas
hoje, no ir
e vir elétrico
e silencioso dos pêndulos-dias,
os galos já não mais anunciam a aurora:
com a precisão digital
do sol,
meu coração bate
e observa os anos
que es-
correm, rapidamente
horas
abaixo
05/1988