Noël Coward – Nada está perdido

No fundo do nosso sub-consciente, somos informados,
Repousam todas as nossas memórias, todas as notas
De todas as canções que já ouvimos,
E o que disseram os que amamos, cada frase pronunciada,
Tristezas e perdas que desde então o tempo tem consolado,
Piadas de família, caquéticas anedotas
Cada souvenir sentimental e cada
Símbolo de tudo o que já vimos e vivemos,
Cada palavra que nos foi dirigida na infância, antes
Antes que pudéssemos sequer conhecer ou alcançar
As implicações de nosso formidável lugar.
Ali estão todas elas, as míticas fabulações
Os presentes de aniversário, as paisagens, os sons,
As lágrimas, restos esquecidos de anos perdidos
Esperando para serem lembrados, para serem revividos
Antes que o nosso mundo se dissolva diante dos nossos olhos
Esperando por alguma pequena, íntima recordação,
Uma palavra, uma melodia, um familiar aroma corrente
Um eco do passado quando, inocentes
Olhávamos com deleite para o então
E duvidávamos que o futuro não seria mais generoso
E que jamais conheceríamos a noite e sua solidão.

Trad.: Nelson Santander

Nothing is Lost

Deep in our sub-conscious, we are told
Lie all our memories, lie all the notes
Of all the music we have ever heard
And all the phrases those we loved have spoken,
Sorrows and losses time has since consoled,
Family jokes, out-moded anecdotes
Each sentimental souvenir and token
Everything seen, experienced, each word
Addressed to us in infancy, before
Before we could even know or understand
The implications of our wonderland.
There they all are, the legendary lies
The birthday treats, the sights, the sounds, the tears
Forgotten debris of forgotten years
Waiting to be recalled, waiting to rise
Before our world dissolves before our eyes
Waiting for some small, intimate reminder,
A word, a tune, a known familiar scent
An echo from the past when, innocent
We looked upon the present with delight
And doubted not the future would be kinder
And never knew the loneliness of night.