Guillaume Apollinaire – A Ponte Mirabeau

Na Ponte Mirabeau, desliza o Sena
E nossos amores
E a memória acena:
Alegria vem sempre após a pena

Vem a noite, soa a hora
Os dias vão, eu me demoro

As mãos nas mãos, fiquemos face a face
Enquanto abaixo
Pela ponte dos nossos braços, passa.
De olhar eterno a onda tão lassa.

Vem a noite, soa a hora
Os dias vão, eu me demoro

O amor se vai como essa água corrente
O amor se vai
Como a vida é lenta
E como a esperança é violenta

Vem a noite, soa a hora
Os dias vão, eu me demoro

Passam-se os dias, passam as semanas
Nem tempo passado
Nem o amor reemana
Na Ponte Mirabeau, desliza o Sena

Vem a noite, soa a hora
Os dias vão, eu me demoro.

Trad.: José Lino Grünewald