Louise Glück – Ipomoea

Qual foi o meu crime em outra vida,
como nesta vida meu crime
é a dor, de modo que não me é
permitido ascender novamente,
nunca em nenhum sentido
me é permitido repetir minha vida,
ferida no espinheiro, toda
beleza terrena um castigo
tão meu quanto seu —
Fonte do meu sofrimento, por que
você tirou de mim
estas flores celestes, salvo
para me marcar como parte
do meu mestre: eu sou
da cor de seu manto, minha carne dá
forma à sua glória.

Trad.: Nelson Santander

Ipomoea

What was my crime in another life,
as in this life my crime
is sorrow, that I am not to be
permitted to ascend ever again,
never in any sense
permitted to repeat my life,
wound in the hawthorn, all
earthly beauty my punishment
as it is yours —
Source of my suffering, why
have you drawn from me
these flowers like the sky, except
to mark me as a part
of my master: I am
his cloak’s color, my flesh giveth
form to his glory.

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