Pierre de Ronsard – Quando fores bem velha…

Quando fores bem velha, à noite junto à vela,
Sentada ao pé do fogo, enovelando e fiando,
Dirás, cantando os versos meus e te enlevando:
“Ronsard me celebrava ao tempo em que era bela”.
Então nem haverá, ouvindo o recital,
Serva, ao fim do trabalho e semi-sonolenta,
Que, com som do meu nome, não desperte atenta
A saudar o teu nome em louvor imortal.
Estarei sob a terra e, fantasma sem osso,
Pelas sombras dos mirtos terei meu repouso;
Tu serás à lareira uma anciã encolhida
Chorando o meu amor e o teu fero desdém.
Se me crês, não espere o amanhã também:
Vive, colhe desde hoje as rosas desta vida.

Trad.: José Lino Grünewald

Les Amours – Amôres de Helena, livro segundo – soneto XLIII

Quand vous serez bien vieille, au soir à la chandelle,
Assise auprès du feu, dévidant et filant,
Direz chantant mes vers, en vous émerveillant:
«Ronsard me célébrait du temps que j’étais belle.»

Lors vous n’aurez servante oyant telle nouvelle,
Déjà sous le labeur à demi sommeillant,
Qui au bruit de mon nom ne s’aille réveillant,
Bénissant votre nom, de louange immortelle.

Je serai sous la terre et, fantôme sans os,
Par les ombres myrteux je prendrai mon repos;
Vous serez au foyer une vieille accroupie,

Regrettant mon amour et votre fier dédain.
Vivez, si m’en croyez, n’attendez à demain:
Cueillez dès aujourd’hui les roses de la vie.

Aqui, com uma pequena explicação sobre o poema feita pelo próprio tradutor: http://joselinogrunewald.com/traducoes.php?id=834

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