Jane Draycott – A praça

Do outro lado da praça, uma mulher olha para mim
de uma janela, a sombra do quarto em que ela está
pressionando-a como uma pétala em direção à luz.

Ela é linda em seu vestido de linho sem mangas,
uma vela impassível na vasta vidraça escura,
como minha mãe em um tempo antes de eu a conhecer.

Entre nós, um rio de turistas, rostos erguidos
para os grandes cavalos de bronze saltando
para algum outro lugar que não podemos ver.

Como um amante do outro lado de uma sala eu devolvo o seu olhar
mas em seus olhos ela está me dizendo que agora é tarde demais
e é: eu poderia muito bem ser invisível também.

Mesmo se eu cruzasse a praça e encontrasse
aquele quarto, com certeza ela já teria ido embora.
Ela não está mais interessada em mim.

Trad.: Nelson Santander

The Square

Across the square a woman is looking at me
from a window, the shadow of the room she’s in
pressing her like a flower towards the light.

In her sleeveless linen dress she is beautiful,
a cool candle in the vast dark glass,
like my mother in a time before I knew her.

Between us, a river of tourists, faces lifted
to the great bronze horses stepping off
into some other air we cannot see.

Like a lover across a room I return her look
but she in her eyes is saying It’s too late now
and it is: I might as well be invisible.

Even if I crossed the square and found
that room she’s in, she would be gone for sure.
She isn’t interested in me any more.

Joan Margarit – Discurso do Método

Já de criança buscava as janelas
para pode fugir com o olhar.
Desde então, se entro em um lugar,
olho com atenção onde deixo meu casaco
e onde está a porta de saída.
Liberdade, para mim, significa fuga.
Há muitas portas no mundo.
Inclusive o sexo, em caso de emergência,
pode sê-lo, embora todas vão se fechando
e, para fugir, rapidamente fiquem
apenas as janelas da infância.
De par em par abertas para poder saltar.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO, com alterações na tradução: poema publicado na página originalmente em 07/06/2018

Discurso del Método

De niño ya buscaba las ventanas
para poder huir con la mirada.
Desde entonces, si entro en un lugar,
miro con atención dónde dejo el abrigo
y dónde está la puerta de salida.
Libertad, para mí, quiere decir huida.
Hay muchas puertas en el mundo.
Incluso el sexo, en caso de emergencia,
puede serlo, aunque todas van cerrándose
y, para huir, muy pronto quedarán
tan solo las ventanas de la infancia.
De par en par abiertas para poder saltar.

Albert Katz – Ao chegar aos 70

foi por volta do meu 70º aniversário
que percebi que já não tinha mais 40

que o lastro que me mantivera estável por tanto tempo
havia mudado

que as pessoas que eu conjurei dos meus 20 anos
não eram mais dinâmicos dínamos carnais
reanimados em encontros revisionistas atemporais

no meu 70º aniversário, velhos amigos começaram a me ligar
relembrando
os camaradas e amantes mortos

comidos vivos pelo câncer de cólon, esqueléticos e em sofrimento, pendurados em uma corda amarrada
ao trinco da porta de um banheiro, desorientados pelas drogas em um abandonado hospital para tratamento de AIDS,
com câncer crescendo no cérebro, fazendo piadas até o fim, em agonia,

sangrando ao lado de uma estrada rural atingido por um garoto bêbado jovem demais para dirigir
que disse não ter visto o corredor pois tinha sido cegado pelo sol e tudo mais

quando cheguei aos 40
todos aqueles camaradas
e amantes
estavam vivos e pensavam que viveriam para sempre
inconvenientemente curiosos sobre minha situação
se minha vida estava saindo como eu esperava

porque aos 40
era aparentemente
a hora
de fazer um balanço dessas questões

e acho que o consenso
foi o de que se o meu progresso na vida
não era bem um A
era certamente um sólido B
ou talvez um B+

e zaz
chegou a isto
minha carreira descendo pela
minha coluna lentamente se desintegrando
e agora
tendo aceitado um pacote de aposentadoria
a surpresa é que eu
ainda me imaginava com 40
por tanto tempo

que aqueles poucos velhos amigos remanescentes
começaram a ligar novamente
porque
aparentemente aos 70
é apropriado relembrar amigos mortos
e avaliar a trajetória de vida de alguém
mais uma vez

Não quero desaponta-los
a todos
no entanto deixe-me ser claro

vão se foder

não tenho a intenção de fazer um balanço
ou abraçar “minha nova fase”
ou desaparecer no nevoeiro como
os mortos-vivos de algum
filme de terror

ou reviver infinitamente minhas façanhas juvenis com vocês
ou acompanha-los vagando sem rumo
para um último passeio

Eu reinicializei
isso é tudo
apenas reinicializei

e em todos os aspectos importantes
estou realmente com apenas 55

Trad.: Nelson Santander

On Hitting 70

it was around my 70th birthday
that I realized I wasn’t 40 anymore

that the ballast which had kept me steady for so long
had shifted

that the people I conjured from my 20s
were no longer lithe carnal dynamos
reanimated in ageless revisionist trysts

on my 70th birthday old friends started to call me
reminiscing
about dead comrades and lovers

eaten alive by colon cancer gaunt and in pain, dangling from a rope strung
over the bathroom door, foggy with drugs in an AIDS hospice abandoned,
cancer growing on the brain joking until near the end in agony

bleeding by the side of a country road hit by a drunk kid too young to drive
who said he didn’t see the jogger being blinded by the sun and all

when I had reached 40
all those comrades
and lovers
were still alive and thought they’d live forever
unseemly curious about my status
whether my life was turning out as I had hoped

because at 40
it was the time
apparently
to take stock of such matters

and I think the consensus
was that if my life’s progress
was not quite an A
it was certainly a solid B
or maybe B+

and whoosh
it has come to this
my career winding down
my spine slowly disintegrating
and now
having accepted a retirement package
the wonder is that I
still thought of myself as 40
for so long

those few old remaining friends
started calling again
because
apparently at 70
it is appropriate to reminisce about dead friends
and rate the arc of one’s life
once again

I don’t want to disappoint you
all of you
nonetheless let me be clear

fuck off

I have no intention to take stock
or embrace “my new phase”
or fade like the walking dead
from some horror film
into the mist

or endlessly relive my youthful exploits with you
or join you in wandering aimlessly
for the last furlong

I have reset
that is all
just reset

and in all ways important
am really just 55

Idea Vilariño – Ou quem sabe nove

Talvez tivemos só sete noites
não sei
não as contei
como poderia ter feito.
Talvez não mais que seis
ou quem sabe nove.
Não sei,
mas valeram a pena
como o amor mais duradouro.
Talvez
com quatro ou cinco noites dessas,
mas precisamente como essas,
talvez
se possa viver
como de um longo amor
uma vida inteira.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO, com pequenas alterações na tradução: poema publicado na página originalmente em 06/05/2018

Idea Vilariño – O fueron nueve

Tal vez tuvimos sólo siete noches
no sé
no las conté
cómo hubiera podido.
Tal vez no más que seis
o fueron nueve.
No sé
pero valieron
como el más largo amor.
Tal vez
de cuatro o cinco noches como esas
pero precisamente como esas
tal vez
pueda vivirse
como de un largo amor
toda una vida.

Zbigniew Herbert – Uma vida

Eu era um rapaz sossegado, um tanto sonolento e — surpreendentemente —
ao contrário dos meus colegas — que ansiavam por aventuras —
não nutria grandes expectativas — não costumava olhar pela janela
Na escola, era mais diligente do que competente — dócil e estável

Depois, veio uma vida normal de um funcionário comum,
levantar cedo rua bonde escritório bonde outra vez casa dormir

Eu realmente não sei porque estou perpetuamente cansado e inquieto,
mesmo quando deveria estar descansando

Sei que nunca fui lá grande coisa — não conquistei nada
colecionava selos ervas medicinais era só mediano no xadrez

Viajei para o exterior certa vez — em férias no Mar Negro
na foto em um chapéu de palha rosto bronzeado — quase feliz

Li o que me veio à mão: sobre socialismo científico
sobre viagens espaciais e máquinas que podem pensar
e o que mais gostei: livros sobre a vida das abelhas

Como muitos outros, queria saber o que me aguardava após a morte
se conseguiria um novo apartamento se a vida tinha sentido

E sobretudo queria aprender a distinguir o bem do mal
saber ao certo o que é claro e o que é completamente sombrio

Alguém me recomendou uma obra clássica — como ele disse
que aquilo mudara sua vida e a de milhões de outros,
li — não mudei — e envergonho-me de admitir
pela minha vida que não me lembro do nome do clássico

Talvez eu não tenha vivido mas resistido — lançado contra minha vontade
em algo difícil de governar e impossível de compreender
uma sombra na parede
portanto não era uma vida
uma vida completa

Como poderia explicar à minha esposa ou a qualquer outro
que eu invocava todas as minhas forças
para não cometer estupidezes, resistir às insinuações
de não confraternizar com os mais fortes?

É verdade — sempre fui insosso. Mediano. Na escola
no exército no escritório em casa e nas festas

Agora estou em um hospital morrendo de velhice.
Aqui sofro das mesmas inquietações e tormentos.
Se eu pudesse renascer, quem sabe seria melhor.

Acordo à noite em suor. Olho para o teto. Silêncio.
E de novo — uma vez mais — com cansaço no braço
afasto os maus espíritos e invoco os bons.

Trad.: Nelson Santander

A Life

I was a quiet boy a little sleepy and — amazingly —
unlike my peers — who were fond of adventures —
I didn’t expect much — didn’t look out the window
At school more diligent than able — docile stable

Then a normal life at the level of a regular clerk
up early street tram office again tram home sleep

I truly don’t know why I’m tired uneasy in torment
perpetually even now — when I have a right to rest

I know I never rose high — I have no achievements
I collected stamps medicinal herbs was OK at chess

I went abroad once — on a holiday to the Black Sea
in the photo a straw hat tanned face — almost happy

I read what came to hand: about scientific socialism
about flights into space and machines that can think
and the thing I liked most: books on the life of bees

Like others I wanted to know what I’d be after death
whether I’d get a new apartment if life had meaning

And above all how to tell the good from what’s evil
to know for sure what is white and what’s all black

Someone recommended a classic work — as he said
it changed his life and the lives of millions of others
I read it — I didn’t change — and I’m ashamed to admit
for the life of me I don’t remember the classic’s name

Maybe I didn’t live but endured — cast against my will
into something hard to govern and impossible to grasp
a shadow on a wall
so it was not a life
a life up to the hilt

How could I explain to my wife or to anyone else
that I summoned all my strength
so as not to commit stupidities cede to insinuation
not to fraternize with the strongest

It’s true — I was always pale. Average. At school
in the army in the office at home and at parties

Now I’m in the hospital dying of old age.
Here is the same uneasiness and torment.
Born a second time perhaps I’d be better.

I wake at night in a sweat. Stare at the ceiling. Silence.
And again — one more time — with a bone-weary arm
I chase off the bad spirits and summon the good ones.

from The Collected Poems, translated by Alissa Valles (Harper Collins, 2008)

Manuel António Pina – Lugares da infância

Lugares da infância onde
sem palavras e sem memória
alguém, talvez eu, brincou
já lá não estão nem lá estou.

Onde? Diante
de que mistério
em que, como num espelho hesitante,
o meu rosto, outro rosto, se reflecte?

Venderam a casa, as flores
do jardim, se lhes toco, ficam hirtas
e geladas, e sob os meus passos
desfazem-se imateriais as rosas e as recordações.

O quarto eu não o via
porque era ele os meus olhos;
e eu não o sabia,
e essa era a sabedoria.

Agora sei estas coisas
de um modo que não me pertence,
como se as tivesse roubado.

A casa já não cresce
à volta da sala,
puseram a mesa para quatro
e o coração só para três.

Falta alguém, não sei quem,
foi cortar o cabelo e só voltou
oito dias depois, já o
jantar tinha arrefecido.

E fico de novo sozinho,
na cama vazia, no quarto vazio.
Lá fora é de noite, ladram os cães;
e cubro a cabeça com os lençóis.

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 05/05/2018

Peter Everwine – Chuva

Ao anoitecer, quando a luz vacilou
e a pereira diante de minha janela escureceu,
pousei meu livro e me postei junto à porta aberta,
as primeiras gotas de chuva golpeando os beirais,
um cheiro de terra molhada no vento.
Sessenta anos atrás, deitado ao lado do meu pai,
meio adormecido, sobre uma cama de ramos de pinheiro,
enquanto a chuva tamborilava contra nossa barraca, ouvi
pela primeira vez o repentino lamento de um mergulhão
pervagando sobre aquele lago remoto —
uma solidão sem igual,
embora o que eu interpretei como inconsolável
possa ter sido apenas o som de algo
indomável e inominável
cantando para a imensidão ao seu redor
e para nós até dormirmos. E pensando em meu pai
e nos bons companheiros que se foram
para o oblívio, ouvi o som perene da chuva
e o marulhar suave da água, e não sabia
se era tristeza ou alegria ou outra coisa qualquer
o que se apoderou do meu coração e me manteve
preso ali ouvindo por tanto tempo e até tão tarde.

Trad.: Nelson Santander

Rain

Toward evening, as the light failed
and the pear tree at my window darkened,
I put down my book and stood at the open door,
the first raindrops gusting in the eaves,
a smell of wet clay in the wind.
Sixty years ago, lying beside my father,
half asleep, on a bed of pine boughs as rain
drummed against our tent, I heard
for the first time a loon’s sudden wail
drifting across that remote lake—
a loneliness like no other,
though what I heard as inconsolable
may have been only the sound of something
untamed and nameless
singing itself to the wilderness around it
and to us until we slept. And thinking of my father
and of good companions gone
into oblivion, I heard the steady sound of rain
and the soft lapping of water, and did not know
whether it was grief or joy or something other
that surged against my heart
and held me listening there so long and late.

Eduardo Chirinos – O que meu pai realmente quer de mim

1
Esta noite tive um sonho. Seguia meu pai
por uma estrada de terra. Os dois íamos a cavalo
e mal trocávamos uma palavra. Ao longe, avistava-se
a sombra de alguns salgueiros, as luzes de um povoado
desconhecido e remoto. De repente, meu pai deteve
seu cavalo e perguntou se eu sabia para onde íamos.
Respondi que não. Então estamos bem, ele me disse.

2
Os cavalos do sonho conheciam o caminho
de cor. Bastava abandonar as
rédeas, deixar-se levar. Isso me causava uma
certa apreensão, talvez até um pouco de medo.
Meu pai, por outro lado, parecia muito tranquilo.
Pensei, parece tranquilo porque está morto.

3
Aqui é onde vivo, disse ele, como se me tirasse
uma venda. Foi muito pouco o que vi. Só uma
árida planície de pedras, redemoinhos de arenito,
ossos amarelados de cavalos. O que achas?
Não soube o que dizer. Estava com sede e me doía um
pouco a garganta. É um lugar bonito, ele disse,
mas às vezes gostaria de voltar. Então
por que não voltas?, perguntei. Porque é
mais fácil que tu venhas para cá, disse. E desapareceu.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO, com pequenas alterações na tradução: poema publicado na página originalmente em 03/05/2018

Eduardo Chirinos – Lo que mi padre quiere realmente de mí

1
Anoche tuve un sueño. Acompañaba a mi padre
por un camino de tierra. Los dos íbamos a caballo
y apenas cruzábamos palabras. A lo lejos se veía
la sombra de unos sauces, las luces de un pueblo
desconocido y remoto. De pronto, mi padre detuvo
su caballo y preguntó si yo sabía a dónde íbamos.
Le contesté que no. Entonces vamos bien, me dijo.

2
Los caballos del sueño sabían de memoria
el recorrido. Era cuestión de abandonar las
riendas, de dejarse llevar. Eso me causaba un
poco de aprensión, incluso un poco de miedo.
Mi padre, en cambio, parecía muy tranquilo.
Pensé, parece tranquilo porque está muerto.

3
Aquí es donde vivo, dijo como si me quitara
una venda. Fue muy poco lo que vi. Sólo un
páramo de piedras, remolinos de arenisca,
huesos de caballos amarillos. ¿Qué te parece?
No supe qué decir. Tenía sed y me dolía un
poco la garganta. Es un lugar hermoso, dijo,
pero a veces me gustaría regresar. ¿Por qué
no regresas, entonces?, pregunté. Porque es
más fácil que tú vengas me dijo. Y desapareció.

Mary Oliver – Sobre viajar para lugares bonitos

Ainda procuro Deus todos os dias
e ainda o encontro por toda parte,
no pó, nas floreiras.
Seguramente, nos oceanos,
nas ilhas distantes,
continentes de gelo, países de areia,
cada um com seu próprio conjunto de seres
e um Deus, qualquer que seja seu nome.
Que perfeito estar a bordo de um navio
talvez ainda com cem anos pela frente.
Mas é tarde, para todos nós,
e, na verdade, o único navio que há
é aquele em que todos estamos,
incendiando o mundo à medida que avançamos.

Trad. Nelson Santander

On Traveling To Beautiful Places

Every day I’m still looking for God
and I’m still finding him everywhere,
in the dust, in the flowerbeds.
Certainly in the oceans,
in the islands that lay in the distance
continents of ice, countries of sand
each with its own set of creatures
and God, by whatever name.
How perfect to be aboard a ship with
maybe a hundred years still in my pocket.
But it’s late, for all of us,
and in truth the only ship there is
is the ship we are all on
burning the world as we go.

Wislawa Szymborska – Gato num apartamento vazio

Morrer — isso não se faz a um gato.
Pois o que há de fazer um gato
num apartamento vazio.
Trepar pelas paredes.
Esfregar-se nos móveis.
Nada aqui parece mudado
e no entanto algo mudou.
Nada parece mexido
e no entanto está diferente.
E à noite a lâmpada já não se acende.

Ouvem-se passos na escada
mas não são aqueles.
A mão que põe o peixe no pratinho
também já não é a mesma.

Algo aqui não começa
na hora costumeira.
Algo não acontece
como deve.
Alguém esteve aqui e esteve,
e de repente desapareceu
e teima em não aparecer.

Cada armário foi vasculhado.
As prateleiras percorridas.
Explorações sob o tapete nada mostraram.
Até uma regra foi quebrada
e os papéis remexidos.
Que mais se pode fazer.
Dormir e esperar.

Espera só ele voltar,
espera ele aparecer.
Vai aprender
que isso não se faz a um gato.
Para junto dele
como quem não quer nada
devagarinho
sobre as patas muito ofendidas.
E nada de pular miar no princípio.

Trad.: Regina Przybycien

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 02/05/2018