1.
E vem: som em torno,
rumorações de margem, várzea vagido
entre o mato
de onde o mato cerca rinha menor
de vinda.
Refém: já muxoxo,
convocações de talos, talhos rangidos
entre o pasto
de onde o pasto fecha largo maior
de lida.
Também: alto vôo,
movemenções de asas, vácuos movidos
entre o vasto
de onde o vasto cobre casa menor
de vista.
Contém: surdo gemer,
inquietações de choro, tosco pedido
entre o salto
de onde o salto abre fuga maior
de chispa.
Fuga: mulo correr,
cabritações de gamo, ganho corrido
entre o casco
de onde o casco toca corpo motor
de vida.
2.
Pára: antes do cerco
indo, vinha fechando
o cervo, círculo do medo.
Anda: então o cerco
vindo, ia mirando
o alvo, trêmulo no erro.
Volta: e logo o cervo
vendo, move correndo
os cornos, garras de lenho.
Fica: mas sem defesa
deixa o corpo à vista
o servo, perdida presa.
3.
Chifres, move-se a cabeça:
varas e luz no crânio, olhos marca
na testa
porque a testa mostra liso gesto
de nesga.
Galhos, une-se o feixe:
nervos e veios na anca, fibra óssea
na coxa
porque a coxa invoca pulo salto
de mola.
Olhos, trinca-se a fenda:
claros sóis na vista, vítreo pátio
na treva
porque a treva ensombra fero golpe
de fera.
Listas, risca-se o corpo:
linhas e véu na pele, mancha nódoa
no peito
porque o peito enverga malho risco
de relho.
Tiros, chumba-se o lombo:
ecos e voz no campo, sangue poça
no mato
porque o mato marca pista passo
de pata.
Laços, prende-se a presa:
suor e dó na cara, cacto lasca
na cerca
porque a cerca espinha prego farpa
de lenha.
Queda, queda-se o servo:
chifres e mé na tarde, trégua baque
do corpo
porque o cervo tomba fardo peso
de morto.
REPUBLICAÇÃO: poema publicado no blog originalmente em 21/09/2017