Páladas – Epigrama V, 72

Omar Khayyam – Do Rubayat

image

Omar Khayyam – Do Rubayat

image

Omar Khayyam – Do Rubayat

image

Pierre Corneille – Estrofes para a bela marquesa

Marquesa, se minha face
A ti parece mais velha,
Espera que o tempo passe
Que verás a que te espelha.
O tempo, contra o vigor
Das coisas belas, protesta,
E há de te fanar a flor
Tal qual enrugou-me a testa.
Noite e dia tudo flui,
Rege-nos a mesma lei,
Se veem em ti o que já fui,
Tu serás o que tornei.
Há, contudo, um certo encanto
Que, dentro de mim, sobeja,
Maior mesmo do que o espanto
Do tempo quanto troveja.
Tens o encanto que hoje apraz,
Mas desprezas este meu
Que pode valer-te mais
quando fenecer o teu.
Este encanto há de reaver
Dos teus olhos a doçura
E, em mil anos, fazer crer
No prazer que ainda depura.
Se o futuro dá certeza
De que alguém há de me ler,
Lembrarão de tua beleza
Somente se eu descrever.
Mesmo se, bela marquesa,
um velho lhe causa horror,
não lhe poupe gentileza
se ele tiver meu valor.

Trad. Marcelo Diniz

Omar Khayyan/Edward Fitzgerard – do Rubaiyat

image

Omar Khayyam/Edward Fitzgerard – do Rubaiyat

image

Ernest Dowson – Vitae Summa Brevis Spem Nos Vetat Incohare Longan

Vitae Summa Brevis Spem nos Vetat Incohare Longam

(A Brevidade da Vida Impede que Possamos Acalentar Longas Esperanças) – Horácio

A alegria, o desejo, o pranto, o amor
E a raiva duram pouco.
Nada disso, que eu saiba, há de transpor
O umbral conosco.

Poucos dias de rosas e de vinho:
Surge num vago sonho
E logo se desfaz nosso caminho
Dentro de um sonho.

Trad.: Nelson Ascher

Ernest Dowson – Vitae Summa Brevis Spem Nos Vetat Incohare Longam

(The brief sum of life forbids us the hope of enduring long) – Horace

They are not long, the weeping and the laughter,
Love and desire and hate:
I think they have no portion in us after
We pass the gate.

They are not long, the days of wine and roses:
Out of a misty dream
Our path emerges for a while, then closes
Within a dream.

Ricardo Reis – Odes: 153 – Como este infante que alourado dorme

Como este infante que alourado dorme
  Fui. Hoje sei que há morte,
Lídia, há largas taças por encher
  Nosso amor que nos tarda.
  Qualquer que seja o amor ou a taça, cedo
   Cessa. Receia, e apressa.

Ricardo Reis – Odes: 144 – Uns, com os olhos postos no passado,

Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Porque tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.