Robert Penn Warren – Conta-me uma história

A

Há muito tempo, no Kentucky, eu, apenas um rapaz, estava
Em uma estrada de terra, ao anoitecer, e ouvi
A algaravia dos gansos que rumavam para o norte.

Não pude vê-los, pois não havia lua,
E escassos eram os astros. Eu os ouvi.

Não sabia o que se passava em meu coração.

Era a estação antes dos sabugueiros florescerem,
Por isso eles rumavam para o norte.

O som rumava para o norte.

B

Conta-me uma história.

Neste século e momento de insanidade,
Conta-me uma história.

Faz dela uma história sobre as grandes distâncias, e a luz das estrelas.
O nome da história será Tempo,
Mas não deves pronunciar tal nome.

Conta-me uma história de intenso contentamento.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 27/07/2019

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Tell Me a Story

A

Long ago, in Kentucky, I, a boy, stood
By a dirt road, in first dark, and heard
The great geese hoot northward.

I could not see them, there being no moon
And the stars sparse. I heard them.

I did not know what was happening in my heart.

It was the season before the elderberry blooms,
Therefore they were going north.

The sound was passing northward.

B

Tell me a story.

In this century, and moment of mania,
Tell me a story.

Make it a story of great distances, and starlight.

The name of the story will be Time,
But you must not pronounce its name.

Tell me a story of deep delight.

Roger McGough – Camas erradas

A vida é uma ala de hospital, e as camas em que nos colocam
são aquelas em que não queremos estar.
Melhoraríamos mais rápido se estivéssemos junto à janela.
Ou pertos do aquecedor, seria mais suportável lá.

À noite, a alma impaciente sonha com lugares distantes.
O Egeu: todo mármore e luz. Onde, numa praia
tão plana quanto um mapa, você poderia se aquecer ao sol como um lagarto.

O Polo: onde, imerso na escuridão, você poderia observar
as faíscas do Inferno refletidas em um céu glacial. A alma
poderia ser mais feliz em qualquer outro lugar, exceto onde está.

Em qualquer lugar, menos aqui. Tomamos nossos remédios diariamente,
acenamos educadamente e resmungamos ocasionalmente.
Mas não temos controle sobre nada. Sempre no lugar errado.
Nós não fizemos nossas camas, mas nelas nos deitamos.

Trad.: Nelson Santander

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The Wrong Beds

Life is a hospital ward, and the beds we are put in
are the ones we don’t want to be in.
We’d get better sooner if put over by the window.
Or by the radiator, one could suffer easier there.

At night, the impatient soul dreams of faraway places.
The Aegean: all marble and light. Where, upon a beach
as flat as a map, you could bask in the sun like a lizard.

The Pole: where, bathing in darkness, you could watch
the sparks from Hell reflected in a sky of ice. The soul
could be happier anywhere than where it happens to be.

Anywhere but here. We take our medicine daily,
nod politely, and grumble occasionally.
But it is out of our hands. Always the wrong place.
We didn’t make our beds, but we lie in them.

Ángel González – O amanhã é um mar profundo que precisamos atravessar a nado

Queria ser alga, alga enredada
na parte suave de tuas coxas.
Sopro de brisa nas tuas bochechas.
Leve areia sob tua pegada.

Queria ser água, água salgada
quando corres nua no litoral.
Sol cortando em sombra tua banal
Silhueta virgem recém-molhada.

Tudo quisera ser, indefinido,
ao teu redor: vista, luz, ambiente
gaivota, céu, navio, vela, vento…

A concha que aproximas ao ouvido,
para poder unir, timidamente,
com o rumor do mar, meu sentimento.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 25/07/2019

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Mañana es un mar hondo que hay que cruzar a nado

Alga quisiera ser, alga enredada,
en lo más suave de tu pantorrilla.
Soplo de brisa contra tu mejilla.
Arena leve bajo tu pisada.

Agua quisiera ser, agua salada
cuando corres desnuda hacia la orilla.
Sol recortando en sombra tu sencilla
silueta virgen de recién bañada.

Todo quisiera ser, indefinido,
en torno a ti: paisaje, luz, ambiente,
gaviota, cielo, nave, vela, viento…

Caracola que acercas a tu oído,
para poder reunir, tímidamente,
con el rumor del mar, mi sentimiento.

John Burnside – História

História

St Andrews: West Sands; Setembro de 2001

Hoje
enquanto empinávamos pipas
– a areia se desfazendo em fitas ao longo da praia
e o cheiro de gasolina de Leuchars1 flutuando sobre
os campos de golfe;
a maré alta distante
cinza-codorna;
pessoas
correndo, ou parando para observar
enquanto os aviões de guerra decolavam e circulavam
na luz matinal –

hoje
– com as notícias em mente e o temor abafado
do que pode vir2
ajoelhei-me na areia
com Lucas
recolhendo conchas
e seixos
encontrando evidências de vida em toda essa
deriva:
conchas de caracóis; fragmentos de peixes-navalha;
manchas de membranas e mascarenha nas rochas desgastadas pela maré.

Às vezes penso que o que nos define
não é o parentesco nem nossos atributos naturais
mas algo perdido entre o mundo que possuímos
e o que sonhamos além de nossos nomes
em dias como este
nossas linhas erguidas ao vento
nossos corpos fixos e ancorados à costa

e embora estejamos confinados pelos limites
o que nos prende à gravidade e à luz
tem mais a ver com a distância e as formas
que encontramos na água
lendo no livro
dos sedimentos e das marés:
o rosa ou o azul-petróleo
das águas-vivas e das anêmonas
combinando com a primeira
nudez de uma criança.

Às vezes, fico tonto de medo
de perder tudo – o mar, o céu,
todas as criaturas vivas, florestas, estuários:
negociamos tanto para compreender o virtual
que mal registramos a deriva e o repuxo
de outros corpos
mal apreendemos
o momento enquanto ele acontece: mudanças na luz
e no clima
e as formas locais e discretas
da história: o peixe preso pela maré
além da praia;
a longa vigília
das carpas ornamentais nos parques públicos
cativas e radiantes
suspensas em seu próprio
dourado transitório
que arde lentamente;
compotas de ovas
e carapaus
ou peixes-dourados levados para casa
dos parques de diversão
ao som do rádio;
mas este é o problema: como estar vivo
em todo este admirado e contemplativo mundo
e não causar danos

uma criança na praia
peneirando madeira e grama seca da areia
e intrigada com os padrões de uma concha

seus pais na duna calças folgadas com uma pipa
plugada no céu
nervos e linha:
pacientes; assustados; mas ainda assim, em meio a tudo,
atentos ao irremediável.

N. do T.: 1. “Leuchars” é uma referência a uma vila escocesa localizada perto de St Andrews, West Sands. Essa vila é conhecida por abrigar uma base da Força Aérea Real Britânica (RAF); 2. Referência aos ataques de 11 de setembro de 2001, quando o World Trade Center em Nova York foi alvo de atentados terroristas coordenados por membros da Al-Qaeda, resultando em colapso, perda de vidas e impacto global significativo.

Aqui você pode ler uma ótima análise deste poema.

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History

St Andrews: West Sands; September 2001

Today
as we flew the kites
– the sand spinning off in ribbons along the beach
and that gasoline smell from Leuchars gusting across
the golf links;
the tide far out
and quail-grey in the distance;
people
jogging, or stopping to watch
as the war planes cambered and turned
in the morning light –

today
– with the news in my mind, and the muffled dread
of what may come –
I knelt down in the sand
with Lucas
gathering shells
and pebbles
finding evidence of life in all this
driftwork:
snail shells; shreds of razorfish;
smudges of weed and flesh on tideworn stone.

At times I think what makes us who we are
is neither kinship nor our given states
but something lost between the world we own
and what we dream about behind the names
on days like this
our lines raised in the wind
our bodies fixed and anchored to the shore

and though we are confined by property
what tethers us to gravity and light
has most to do with distance and the shapes
we find in water
reading from the book
of silt and tides:
the rose or petrol blue
of jellyfish and sea anemone
combining with a child's
first nakedness.

Sometimes I am dizzy with the fear
of losing everything - the sea, the sky,
all living creatures, forests, estuaries:
we trade so much to know the virtual
we scarcely register the drift and tug
of other bodies
scarcely apprehend
the moment as it happens: shifts of light
and weather
and the quiet, local forms
of history: the fish lodged in the tide
beyond the sands;
the long insomnia
of ornamental carp in public parks
captive and bright
and hung in their own
slow-burning
transitive gold;
jamjars of spawn
and sticklebacks
or goldfish carried home
from fairgrounds
to the hum of radio;
but this is the problem: how to be alive
in all this gazed-upon and cherished world
and do no harm

a toddler on a beach
sifting wood and dried weed from the sand
and puzzled by the pattern on a shell

his parents on the dune slacks with a kite
plugged into the sky
all nerve and line:
patient; afraid; but still, through everything
attentive to the irredeemable.

Mario Quintana – Poema da gare de Astapovo

O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua…
Sentou-se …e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Glória,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E então a Morte,
Ao vê-lo tão sozinho àquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali à sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta…)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se até não morreu feliz: ele fugiu…
Ele fugiu de casa…
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade…
Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 20/07/2019. Leia também “Astapovo”, de Joan Margarit

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Pierre de Ronsard – Ossos, nada mais tenho

Ossos, nada mais tenho, esqueleto pareço,
Sem músculos, polpa e nervo, descarnado,
Da morte chega a mim o impiedoso chamado,
E se ouso olhar meus braços, de medo estremeço.

Apolo e o filho seu, mestres de grande apreço
Não podem me curar, por eles fui burlado;
Adeus, amável Sol, tenho o olhar turvado.
Meu corpo já descamba onde não há regresso.

Que amigo, ao me encontrar a tal ponto acabado,
Não levará consigo o olhar triste e molhado
No leito a consolar-me e o rosto a me beijar,

E enxugue os olhos meus, na morte adormecidos?
Companheiros, adeus, meus amigos queridos,
Vou primeiro, e preparo assim vosso lugar.

Trad.: Sergio Duarte

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Je n’ai plus que les os

Je n’ai plus que les os, un squelette je semble,
Décharné, dénervé, démusclé, dépulpé
Que le trait de la mort sans pardon a frappé
Je n’ose voir mes bras que de peur je ne tremble.

Apollon et son fils, deus grands maîtres ensemble
Ne me sauraient guérir, leur métier m’a trompé;
Adieu, plaisant Soleil, mon oeil est étoupé,
Mon corps s’en va descendre où tout se désassemble

Quel ami me voyant en ce point dépouillé
Ne remporte ao logis un oeil triste e mouillé
Me consolant au lit et me baisant la face,

En essuyant mes yeux par la mort endormis?
Adieu, chers compagnons, adieu, mes chers amis,
J’en vais le premier vous préparer la place.

Joan Margarit – Astapovo

De madrugada, quando só se ouvem
relógios no escuro,
eu o imagino, com seus oitenta anos,
fugindo em um trem russo que ia ao sul
de lugar nenhum, para onde os velhos sonham ir.
Tolstói temia aquele inverno
que o acompanhou durante a velhice
até o leito de morte ferroviário,
na noite em que o telégrafo
transmitiu a mais breve e cruel
de todas as suas mensagens.
Quis correr mais rápido que o frio,
mas seu trem foi coberto para sempre
pelos flocos de neve que caíam
na gare de Astapovo.
Iniciei minha fuga muito antes,
pois aprendi com Tolstói
que é preciso entrar na última estação
em alta velocidade. Assim a morte,
sem tempo para nos avisar com sinais,
agitando uma lanterna nos linhas,
com um golpe certeiro,
muda a direção dos trilhos.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 19/07/2019

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Joan Margarit – Astápovo

De madrugada, cuando sólo se oyen
relojes en lo oscuro,
me lo imagino, a sus ochenta años,
huyendo en un tren ruso que iba al sur
de ningún sitio, adonde los viejos quieren ir.
Tolstoi temía aquel invierno
que le siguió durante su vejez
hasta el lecho de muerte ferroviario,
la noche en que el teclado del telégrafo
transmitió el más breve y cruel
de todos sus relatos.
Quiso correr más rápido que el frío,
pero su tren quedó cubierto para siempre
por los copos de nieve que caían
en la estación de Astápovo.
Yo he empezado la fuga mucho antes,
porque aprendí de Tolstoi
que hay que entrar en la última estación
a gran velocidad. Así la muerte,
sin tiempo de avisarnos con señales
agitando un farol desde las vías,
de un golpe seco, cambia las agujas.

Colette Bryce – Versão Inicial

Nosso embarcação tardou a alcançar Betsaida; os ventos nos oprimiam,
rápidos e gelados, e nossas mãos estavam cheias de bolhas dos remos.
Tínhamos esgotado nosso estoque de canções e gracejos, com quilômetros
ainda por percorrer, quando Jesus falou:

disse que estava agachado na praia, sozinho, em
uma prece silenciosa, quando, ao olhar para baixo, se surpreendeu –
viu sua própria imagem ali agachada. E ao se inclinar
e tocar a água,

jurou ter sentido os dedos se tocarem, e ao erguer-se
a imagem se levantou e, lentamente, cada um avançou um pé
e deu um passo, e onde se encontraram, o peso de um
anulou o do outro;

depois, ele atravessou o lago, caminhou sobre as solas
de seu eu líquido, descrevendo o frescor que sentia
em seus pés cansados e empoeirados; como seguiu um curso
constante para embarcar no bote

onde estávamos agora – hipnotizados. Ele gesticulou
em direção à margem, ao longo do lago, depois para si mesmo,
e pediu a todos que visualizássemos, que abríssemos o que ele sempre
chamara de nossas ‘mentes aprisionadas’.

Trad.: Nelson Santander

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Early Version

Our boat was slow to reach Bethsaida; winds oppressed us,
fast and cold, our hands were blistered from the oars.
We’d done to death our songs and jokes, with miles
to go, when Jesus spoke:

he said he’d crouched upon the shore, alone, engaged
in silent prayer, when, looking down, he started –
saw his own image crouching there. And when he leant
and dipped his hand

he swore he felt the fingers touch, and as he rose
the image stood and, slowly, each put out a foot
and took a step, and where they met, the weight of one
annulled the other;

then how he’d moved across the lake, walked on the soles
of his liquid self, and he described how cool it felt
on his aching, dusty feet; the way he’d strode a steady
course to board the boat

where we now sat – mesmerized. He gestured out
towards the shore, along the lake, then to himself,
and asked us all to visualize, to open what he always
called our ‘fettered minds’.

Manuel António Pina – Quinquagésimo ano

São muitos dias
(e alguns nem tantos como isso…)
e começa a fazer-se tarde de um modo
menos literário do que soía,
(um modo literal e inerte
que, no entanto, não posso dizer-te
senão literariamente).
Mas não há pressa, nem se vê ninguém a correr;
a única coisa que corre é o tempo,
do lado de fora, porque dentro
a própria morte é uma maneira de dizer.
Caem co’a calma as palavras
que sustentaram o mundo,
e nem por isso o mundo parece
menos terreno ou impermanece.
Restam, é certo, alguns livros,
algumas memórias, algum sentido,
mas tudo se passou noutro sítio
com outras pessoas e o que foi dito
chega aqui apenas como um vago ruído
de vozes alheias, cheias de som e de fúria:
literatura, tornou-se tudo literatura!
E a vida? (Falo de uma vida
muda de palavras e de dias, uma vida nada mais que vida;
haverá uma vida assim para viver,
uma vida sem a si mesma se saber?)
Lembras-te dos nossos sonhos? Então
precisávamos (lembras-te?) de uma grande razão.
Agora uma pequena razão chegaria,
um ponto fixo, uma esperança, uma medida.

             18/5/00

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 18/07/2019

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Sue Boyle – Um Centro de Lazer é também um Templo do Saber

A garota de cor dourada no vestiário feminino
está empenhada em tornar seu corpo mais belo:
ela flexionou e tonificou cada músculo com um mergulho matinal
e removeu os resíduos químicos de piscina
usando um esfoliante aromático e suave.

Ágil como um leopardo, ela tem estrutura óssea perfeita:
sua fenda secreta é tão bem aparada quanto o bigode de um proxeneta.

Absorta em devaneios, ela hidrata e depois borrifa perfumes
em todas as partes que podem ser apreciadas. Suas longas mãos
se movem no ritmo de um tecelão operando um tear –
a base do pescoço, sob o queixo, os pontos sensíveis abaixo das orelhas,
o encontro entre os seios, as coxas de salgueiro.
Ela escova os cabelos, tão limpos que parecem uma cascata.

Uma abelha poderia sorvê-la.
Ela é creme de verão sobre framboesas.
Ela é muito mais jovem que nós.

Ela deveria olhar ao redor.

Nós doze somos o coro:

sabemos o que acontecerá em seguida.

Trad.: Nelson Santander

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A Leisure Centre Is Also a Temple of Learning

The honey coloured girl in the women’s changing room
is absorbed in making her body more beautiful:
she has flexed and toned every muscle with a morning swim
and showered away the pool chemicals
using an aromatic scrub and a gentle exfoliant.

Lithe as a young leopard, she has perfect bone structure:
her secret cleft is shaved as neatly as a charlatan’s moustache.

In dreamy abstractedness she moisturises then spray perfumes
every part that might be loved. Her long hands
move in rhythm like a weaver’s at a loom –
tipped throat, underchin, the little kisspoints below her ears,
the nuzzle between her breasts, her willow thighs.
She brushes her hair so clean it looks like a waterfall.

A bee could sip her.
She is summer cream slipped over raspberries.
She is so much younger than the rest of us.

She should look around.

We twelve are the chorus:

we know what happens next.