Eu queria permanecer como eu era,
imóvel como o mundo raramente fica,
não no solstício de verão, mas no momento anterior
à flor fundamental se formar, o momento
em que nada ainda é passado —
não o solstício de verão, intoxicante,
mas a tardia primavera, a grama ainda não
alta nos limites do jardim, as primeiras tulipas
começando a desabrochar —
como uma criança à espreita na
porta de entrada, observando os outros,
aqueles que partem primeiro,
um aglomerado de membros tensos, atentos
às falhas alheias, às hesitações públicas
com a confiança destemida de uma criança na iminência do poder
preparando-se para derrotar
essas fraquezas, para ceder
a nada, o momento imediatamente
anterior à floração, a era da maestria
antes da manifestação do presente,
antes da posse.
Trad.: Nelson Santander
The doorway
I wanted to stay as I was,
still as the world is never still,
not in midsummer but the moment before
the first flower forms, the moment
nothing is as yet past —
not midsummer, the intoxicant,
but late spring, the grass not yet
high at the edge of the garden, the early tulips
beginning to open —
like a child hovering in a doorway, watching the others,
the ones who go first,
a tense cluster of limbs, alert to
the failures of others, the public falterings
with a child’s fierce confidence of imminent power
preparing to defeat
these weaknesses, to succumb
to nothing, the time directly
prior to flowering, the epoch of mastery
before the appearance of the gift,
before possession.