Em vez de
flores, mande-
o de volta.
Trad.: Nelson Santander
Refusal to Mourn
In lieu of
flowers, send
him back.
Nelson Santander
Perambulo por todas as ruas com barreiras
Vizinhas de onde o próprio Tâmisa
Entre barreiras flui, e em cada face que encontro
Marco marcas de fraqueza, marcas de pesar.
Ouço o ruído dos grilhões mentais apostos
Em cada alocução de cada homem
No grito de temor de cada infante
Nas vozes todas, em cada interdição.
Como o grito dos meninos que limpam chaminés
Ressoa intimidante nos tempos encardidos.
E o suspiro do infeliz conscrito
Escorre em sangue pelas paredes dos palácios.
Mas sobretudo como na calada da noite
A maldição das adolescentes prostitutas
Provoca o choro do recém-nascido
E envolve em pragas o ataúde nupcial.
Trad.: Benedicto Ferri de Barros
REPUBLICAÇÃO: poema publicado no blog originalmente em 03/07/2016
London
I wonder thro’ each charter’d street,
Near where the charter’d Thames doth flow,
And mark in every face I meet
Marks of weakness, marks of woe.
In ev’ry cry of every man,
In ev’ry Infant’s cry of fear,
In every voice, in every ban,
The mind-forg’d manacles I hear.
How the Chimney-sweeper’s cry
Every black’ning Church appalls;
And the helpless Soldier’s sigh
Runs in blood down Palace walls.
But most thro’ midnight street I hear
How the youthful Harlot’s curse
Blasts the new born Infant’s tear
And blights with plagues the Marriage hearse.
Ter-nos conhecido
em um outono num trem que ia vazio;
A radiante, embora cruel,
promessa do desejo.
A cicatriz da melancolia
e o velho afeto com o qual compreendemos
os motivos do lobo.
A lua que acompanha o trem noturno
Barcelona-Paris.
Uma faca de luz para os crimes
que por amor devemos cometer.
Nossa maldita e inocente sorte.
A voz do mar, que sempre te dirá
onde estou, porque é nosso confidente.
Os poemas, que são cartas anônimas
escritas de onde não imaginas
à mesma menina que em um outono
conheci naquele trem que ia vazio.
Trad.: Nelson Santander
Cosas en Común
Habernos conocido
un otoño en un tren que iba vacío;
La radiante, aunque cruel
promesa del deseo.
La cicatriz de la melancolía
y el viejo afecto con el que entendemos
los motivos del lobo.
La luna que acompaña al tren nocturno
Barcelona-París.
Un cuchillo de luz para los crímenes
que por amor debemos cometer.
Nuestra maldita e inocente suerte.
La voz del mar, que siempre te dirá
dónde estoy, porque es nuestro confidente.
Los poemas, que son cartas anónimas
escritas desde donde no imaginas
a la misma muchacha que un otoño
conocí en aquel tren que iba vacío.