Louise Glück – Vésperas (4)

Eu não me pergunto mais onde você está.
Você está no jardim; você está onde John está,
na terra, absorto, segurando sua pequena pá verde.
É assim que ele jardina: quinze minutos de intenso esforço,
quinze minutos de estática contemplação. Às vezes,
trabalho ao lado dele, fazendo as tarefas à sombra,
capinando, esfolhando as alfaces; às vezes, o observo
do alpendre próximo ao jardim superior até que o crepúsculo transforme
em luzes os primeiros lírios: durante todo esse tempo,
a paz nunca o abandona. Mas ela passa por mim,
não como o sustento que as flores retêm,
mas como uma luz brilhante através da árvore nua.

Trad.: Nelson Santander

Vespers

I don’t wonder where you are anymore.
You’re in the garden; you’re where John is,
in the dirt, abstracted, holding his green trowel.
This is how he gardens: fifteen minutes of intense effort,
fifteen minutes of estatic contemplation. Sometimes
I work beside him, doing the shade chores,
weeding, thinning the lettuces; sometimes I watch
from the porch near the upper garden until twilight makes
lamps of the first lilies: all this time,
peace never leaves him. But it rushes through me,
not as sustenance the flower holds,
but like the bright light through the bare tree.

Deixe um comentário