Louise Glück – Matinas (7)

Não apenas o sol mas a própria
terra brilha, fogo branco
irrompendo das imponentes montanhas
e da estrada plana
tremeluzindo nas primeiras horas da manhã: será isso
apenas para nós, para provocar uma
resposta, ou você também
fica mexido, incapaz
de se conter
na presença da terra? Sinto vergonha
do que eu pensava que você fosse,
distante de nós, nos observando
como um experimento: é
amargo ser
o animal descartável,
amargo. Caro amigo,
querido parceiro vacilante, o que
mais o surpreende no que você sente,
o esplendor da terra ou seu próprio regozijo?
Para mim, sempre
o regozijo é a surpresa.

Trad.: Nelson Santander

Matins

Not the sun merely but the earth
itself shines, white fire
leaping from the showy mountains
and the flat road
shimmering in early morning: is this
for us only, to induce
response, or are you
stirred also, helpless
to control yourself
in earth’s presence – I am ashamed
at what I thought you were,
distant from us, regarding us
as an experiment: it is
a bitter thing to be
the disposable animal,
a bitter thing. Dear friend,
dear trembling partner, what
surprises you most in what you feel,
earth’s radiance or your own delight?
For me, always
the delight is the surprise.

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