Louise Glück – Matinas (2)

Pai inalcançável, quando fomos, pela primeira vez,
exilados do paraíso, criaste
uma réplica, um lugar em certo sentido
diferente do paraíso,
concebido para ensinar uma lição: de outro modo,
o mesmo – beleza em ambos os lados, beleza
sem alternativa – Exceto
que não sabíamos qual era a lição. Deixados sozinhos,
nos consumimos. Anos
de escuridão se seguiram; nos revezávamos
cuidando do jardim, as primeiras lágrimas
encheram nossos olhos à medida que a terra
toldava-se de pétalas, algumas
vermelho escuras, outras cor de pele –
Nunca pensamos em ti,
a quem estávamos aprendendo a adorar.
Apenas sabíamos que não estava na natureza humana amar
apenas o que retribui o amor.

Trad.: Nelson Santander

Matins

Unreachable father, when we were first
exiled from heaven, you made
a replica, a place in one sense
different from heaven, being
designed to teach a lesson: otherwise
the same — beauty on either side, beauty
without alternative — Except
we didn’t know what was the lesson. Left alone,
we exhausted each other. Years
of darkness followed; we took turns
working the garden, the first tears
filling our eyes as earth
misted with petals, some
dark red, some flesh colored —
We never thought of you
whom we were learning to worship.
We merely knew it wasn’t human nature to love
only what returns love.

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