Caetano Veloso – O Homem Velho

O homem velho deixa a vida e morte para trás
Cabeça a prumo, segue rumo e nunca, nunca mais
O grande espelho que é o mundo ousaria refletir os seus sinais
O homem velho é o rei dos animais

A solidão agora é sólida, uma pedra ao sol
As linhas do destino nas mãos a mão apagou
Ele já tem a alma saturada de poesia, soul e rock’n’roll
As coisas migram e ele serve de farol

A carne, a arte arde, a tarde cai
No abismo das esquinas
A brisa leve traz o olor fugaz
Do sexo das meninas

Luz fria, seus cabelos têm tristeza de néon
Belezas, dores e alegrias passam sem um som
Eu vejo o homem velho rindo numa curva do caminho de Hebron
E ao seu olhar tudo que é cor muda de tom

Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendaval
Espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal
Mas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem igual
Já tem coragem de saber que é imortal

Chico Buarque – Olhos nos Olhos

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Chico Buarque – Pedaço de Mim

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Cassiano Ricardo – O Relógio

Diante de coisa tão doída
conservemo-nos serenos.

Cada minuto de vida
nunca é mais, é sempre menos.

Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser.

Desde o instante em que se nasce
já se começa a morrer.

 

José Paulo Paes – Auto-epitáfio n° 2

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Machado de Assis – Memórias Póstumas de Brás Cubas

 

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Veja também: https://nsantand.wordpress.com/2018/06/20/nelson-santander-dois-capitulos-perdidos-de-memorias-postumas-de-bras-cubas/

Silvio Rodriguez e Pablo Milanés – Por Quem Merece Amor

(intérpretes: MPB4)

Te perturba esse amor?
Amor de juventude
Meu amor é amor de virtude

Te perturba esse amor?
Sem máscaras por trás
Meu amor é uma arte de paz

Te perturba esse amor?
Amor de humanidade
Meu amor é amor de verdade

Te perturba esse amor?
Com todos ao redor
Meu amor é uma arte maior

Meu amor, minha prenda encantada
Minha eterna morada
Meu espaço sem fim

Meu amor não aceita fronteira
Como a primavera
Não escolhe jardim

Meu amor, não é amor de mercado
Esse amor tão sangrado
Não se tem pra lucrar

Meu amor é tudo quanto tenho
E se eu vendo ou empenho
Para que respirar

¿Te molesta mi amor?
Mi amor de juventud
Y mi amor es un arte en virtud

¿Te molesta mi amor?
Mi amor sin antifaz
Y mi amor es un arte de paz.

¿Te molesta mi amor?
Mi amor de humanidad
Y mi amor es un arte en su edad

¿te molesta mi amor?
Mi amor de surtidor
Y mi amor es un arte mayor

Meu amor, alivia e acalma
É o remédio da alma
Pra quem quer se curar

Meu amor é humilde é singelo
E o destino mais belo
É torná-lo maior

Meu amor, o mais apaixonado
Pelo injustiçado
Pelo mais sofredor

Meu amor abre o peito pra morte
E se entrega pra sorte
Por um tempo melhor

Meu amor, esse amor destemido
Arde em fogo infinito
Por quem merece amor.

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Silvio Rodriguez – Pequeña Serenata Diurna

(intérprete: Silvio Rodriguez)

Vivo en un país libre
cual solamente puede ser libre
en esta tierra, en este instante
yo soy feliz porque soy gigante.
Amo a una mujer clara
que amo y me ama
sin pedir nada
o casi nada,
que no es lo mismo
pero es igual

Y si esto fuera poco,
tengo mis cantos
que poco a poco
muelo y rehago
habitando el tiempo,
como le cuadra
a un hombre despierto.
Soy feliz,
soy un hombre feliz,
y quiero que me perdonen
por este día
los muertos de mi felicidad.

Silvio Rodriguez – Pequeña Serenata Diurna

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Chico Buarque e Edu Lobo – Valsa Brasileira

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