Pierre de Ronsard – Quando fores bem velha…

Quando fores bem velha, à noite junto à vela,
Sentada ao pé do fogo, enovelando e fiando,
Dirás, cantando os versos meus e te enlevando:
“Ronsard me celebrava ao tempo em que era bela”.
Então nem haverá, ouvindo o recital,
Serva, ao fim do trabalho e semi-sonolenta,
Que, com som do meu nome, não desperte atenta
A saudar o teu nome em louvor imortal.
Estarei sob a terra e, fantasma sem osso,
Pelas sombras dos mirtos terei meu repouso;
Tu serás à lareira uma anciã encolhida
Chorando o meu amor e o teu fero desdém.
Se me crês, não espere o amanhã também:
Vive, colhe desde hoje as rosas desta vida.

Trad.: José Lino Grünewald

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 01/10/2018

Les Amours – Amôres de Helena, livro segundo – soneto XLIII

Quand vous serez bien vieille, au soir à la chandelle,
Assise auprès du feu, dévidant et filant,
Direz chantant mes vers, en vous émerveillant:
«Ronsard me célébrait du temps que j’étais belle.»

Lors vous n’aurez servante oyant telle nouvelle,
Déjà sous le labeur à demi sommeillant,
Qui au bruit de mon nom ne s’aille réveillant,
Bénissant votre nom, de louange immortelle.

Je serai sous la terre et, fantôme sans os,
Par les ombres myrteux je prendrai mon repos;
Vous serez au foyer une vieille accroupie,

Regrettant mon amour et votre fier dédain.
Vivez, si m’en croyez, n’attendez à demain:
Cueillez dès aujourd’hui les roses de la vie.

Aqui, com uma pequena explicação sobre o poema feita pelo próprio tradutor: http://joselinogrunewald.com/traducoes.php?id=834

Pierre de Ronsard – Quando fores bem velha…

Quando fores bem velha, à noite junto à vela,
Sentada ao pé do fogo, enovelando e fiando,
Dirás, cantando os versos meus e te enlevando:
“Ronsard me celebrava ao tempo em que era bela”.
Então nem haverá, ouvindo o recital,
Serva, ao fim do trabalho e semi-sonolenta,
Que, com som do meu nome, não desperte atenta
A saudar o teu nome em louvor imortal.
Estarei sob a terra e, fantasma sem osso,
Pelas sombras dos mirtos terei meu repouso;
Tu serás à lareira uma anciã encolhida
Chorando o meu amor e o teu fero desdém.
Se me crês, não espere o amanhã também:
Vive, colhe desde hoje as rosas desta vida.

Trad.: José Lino Grünewald

Les Amours – Amôres de Helena, livro segundo – soneto XLIII

Quand vous serez bien vieille, au soir à la chandelle,
Assise auprès du feu, dévidant et filant,
Direz chantant mes vers, en vous émerveillant:
«Ronsard me célébrait du temps que j’étais belle.»

Lors vous n’aurez servante oyant telle nouvelle,
Déjà sous le labeur à demi sommeillant,
Qui au bruit de mon nom ne s’aille réveillant,
Bénissant votre nom, de louange immortelle.

Je serai sous la terre et, fantôme sans os,
Par les ombres myrteux je prendrai mon repos;
Vous serez au foyer une vieille accroupie,

Regrettant mon amour et votre fier dédain.
Vivez, si m’en croyez, n’attendez à demain:
Cueillez dès aujourd’hui les roses de la vie.

Aqui, com uma pequena explicação sobre o poema feita pelo próprio tradutor: http://joselinogrunewald.com/traducoes.php?id=834

José Lino Grünewald – Soneto Burocrático

Salvo melhor juízo doravante,
Dessarte, data vênia, por suposto,
Por outro lado, maximé, isso posto,
Todavia deveras, não obstante

Pelo presente, atenciosamente,
Pede deferimento sobretudo,
Nestes termos, quiçá, aliás, contudo
Cordialmente alhures entrementes

Sub-roga ao alvedrio ou outrossim
Amiúde nesse ínterim, senão
Mediante qual mormente, oxalá quão

Via de regra te-lo-ão enfim
Ipso facto outorgado, mas porém
Vem substabelecido assim, amém.

José Lino Grünewald – Sombra (1957)

Walter Savage Landor – Sobre a Morte

Sobre mim está a morte a sussurrar
Eu não sei o que vem ao meu ouvido;
Da estranha fala estou somente a par
De que o verbo não é um ser temido.

Trad.: José Lino Grünewald

Death

Death stands above me, whispering low
I know not what into my ear;
Of his strange language all I know
Is, there is not a word of fear.