Cassiano Ricardo – Os Futuricidas

REPUBLICAÇÃO: poema originalmente publicado na página em 24/02/2016

Lucille Clifton – Cântico de Louvor

para minha tia blanche
que rolou do gramado para a caçada
e dali para a rua em uma manhã de domingo.
eu tinha dez anos. nunca havia visto
uma mulher humana arremessar seu corpo
como uma bola de basquete no tráfego do mundo.
Louvados sejam os motoristas que frearam a tempo.
Louvada seja a fé com que ela se ergueu
após alguns instantes e então caminhou lentamente
suspirando de volta para sua família.
Louvados os braços que mal
compreendiam o significado daquilo,
mas a acolheram sem julgamentos,
aceitando tudo como crianças fariam,
como Deus.

Trad.: Nelson Santander

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Praise Song

to my aunt blanche
who rolled from grass to driveway
into the street one sunday morning.
i was ten. i had never seen
a human woman hurl her basketball
of a body into the traffic of the world.
Praise to the drivers who stopped in time.
Praise to the faith with which she rose
after some moments then slowly walked
sighing back to her family.
Praise to the arms which understood
little or nothing of what it meant
but welcomed her in without judgment,
accepting it all like children might,
like God.

Cassiano Ricardo – 2ª Aula na Jaula

Timothy Liu – Melhor não deixar vestígios

Começo a compreender
por que hindus se reúnem nos ghats1

para incinerar seus mortos —

as águas sagradas do Ganges
levando as cinzas para longe.

Os agentes funerários erraram

com meu pai, minha madrasta chorando
pela forma da boca

dele — uma cavidade preenchida

com algodão, lábios esticados
demais, de lado a lado,

pintados, fazendo-o parecer

o Coringa. Pergunto-me quem
está deitado ali, exposto, e quais

papéis nos cabem interpretar hoje —

cidadãos de um reino
sem nome reunidos

para uma última despedida, minha madrasta

perguntando em mandarim: posso
tocá-lo?
Eu havia chegado

uma hora antes do que disseram,

uma hora antes do que disseram

que ele estaria pronto. Queria
um tempo sozinho, algum espaço

para sentir seja lá o que fosse

sentir, droga, se
ela não fosse me sabotar

uma última vez. Eu contava

os dias desde que meu pai deixou
seu corpo, me perguntando quanto tempo

o Bardo2 o manteria

antes de despachar nosso pequeno
general enfeitado com medalhas

de volta a outra forma — humana

ou não. Ela pousa a mão
sobre a dele no mesmo lugar

onde eu já tinha posto a minha antes

dela chegar — o orgulho fugaz
de ter chegado

primeiro, abrindo o zíper da capa

que guardava sua bíblia toda marcada
de vermelho, passagens várias

que eu nunca mais teria que ouvir

ele ler enquanto remexia
suas últimas coisas — um desenho

feito por uma neta, um cartão

assinado pelo próprio filho deles.
Uma hora antes, o agente funerário

brincou que ele também tivera

uma madrasta terrível que vendeu
o negócio da família para

uma corporação para lucrar

sem se importar com os quatro
enteados deixados para trás,

todos treinados na fina arte

de embalsamar o próprio pai.
Meu pai havia encolhido

três tamanhos de terno, nada

realmente servia, minha madrasta
reclamando sobre quanto

custaria um terno novo,

dinheiro que preferia gastar
consigo mesma, embora a ideia

parecesse boa no início,

quando o cadáver ainda estava quente.
O que restava

do cabelo grisalho do meu pai

tinha laquê, a pele
amarelada em seu crânio e rosto

surpreendentemente macia para

um nonagenário — ainda parecia
ele, se não o olhassem

muito de perto. Eu tinha sentimentos contraditórios

sobre todos aqueles produtos químicos
usados para conservá-lo,

mas fiquei aliviado por ele não cheirar mal

quando pressionei meus lábios contra
sua testa quando ninguém

estava olhando, até tirei

uma selfie que me fez
explodir em lágrimas —

última chance de foto, ensaiada

e não, peguei uma caneta
e rabisquei na bíblia do meu

pai, rasurando qualquer menção

ao meu homônimo Timothy —
“meu verdadeiro filho na fé!”

antes que minha madrasta chegasse,

os vestígios kármicos
de tudo que fiz

selados dentro de um caixão se fechando.

Trad.: Nelson Santander

  1. Os ghats são escadarias que descem até margens de rios, comumente encontradas na Índia. São frequentemente usados como espaços sagrados para cerimônias religiosas, como oferendas e cremações. Os ghats do rio Ganges, em particular, possuem um significado especial no hinduísmo, pois acredita-se que as cinzas dos mortos lançadas em suas águas sagradas promovem a purificação espiritual e a libertação do ciclo de renascimentos (moksha). ↩︎
  2. A referência ao “Bardo” vem do budismo tibetano, especificamente do conceito exposto no Bardo Thodol (Livro Tibetano dos Mortos). O “Bardo” seria um estado intermediário entre a morte e o renascimento, onde a alma, segundo essa tradição, enfrenta experiências que determinam sua próxima existência. ↩︎

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Best to Leave No Evidence Behind

I’m starting to understand
why Hindus gather on ghats

to set their corpses on fire—

sacred waters of the Ganges
washing away the ashes.

The morticians got my father

wrong, my stepmom sobbing
over the shape of my father’s

mouth—the cavity stuffed

with cotton, lips stretched
too wide from side to side

and painted, making him look

like the Joker. I wonder who
that is lying in state and what

roles we get to play today—

citizens of an unnamed
kingdom gathering around

for a last hurrah, my stepmom

asking in Mandarin: can I
touch him? I had gotten there

an hour before they said

an hour before they said

he’d be ready. I wanted
some time alone, some space

to feel whatever it was I was

going to feel, goddamn it if
she were going to cockblock me

one last time. I was counting

the days since my dad had left
his body, wondering how long

the Bardo would have him

before dispatching our little
general bedecked with medals

back into another form—human

or not. She puts her hand
on top of his in the same place

I had put mine own before

she came—the tiny pride
I took in having gotten there

first, unzipping the case

that held his Bible all marked
in red, sundry passages

I’d never have to hear him

read again as I snooped
around last things—a drawing

made by a granddaughter, a card

their own son had signed, made.
An hour before, the mortician

joked that he too had had

an awful stepmom who sold off
the family business to

a corporation so she could

cash in with no regard
for her four leftover stepsons

all trained in the fine art

of embalming their own father.
My own dad having shrunk

three suit sizes, nothing

really fit, my stepmom
bitching about how much

a brand-new suit would cost

that she’d just as soon spend
on herself though at first

it sounded like a good idea

when his corpse was still warm
to the touch. What was left

of my father’s gray hair

had hairspray on it, the yellowed
skin on his skull and face

remarkably supple for

a nonagenerian—still looked
like my dad if one refused

to look head on. I felt mixed

about all those chemicals
they used to pickle him

but was glad he didn’t stink

when I pressed my lips against
his forehead when no one

was looking, even snapped

a selfie which actually
made me burst out crying—

final photo op both staged

and not, I grabbed a pen
and scribbled in my daddy’s

Bible, crossed out any mention

of my namesake Timothy—
“my true son in the faith!”

before my stepmom arrived

on the scene, the karmic
traces of everything I’d done

sealed inside a casket closing.

Susan Sontag – De “Sobre Fotografia”

William Stafford – Sim

Pode acontecer a qualquer momento, tornado,
terremoto, Armageddon. Pode acontecer.
Ou luz solar, amor, salvação.

Pode acontecer, você sabe. É por isso que despertamos
e olhamos para fora – não há garantias
nesta vida.

Apenas alguns bônus: a manhã,
este instante, o meio-dia,
o entardecer.

Trad.: Nelson Santander

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Yes

It could happen any time, tornado,
earthquake, Armageddon. It could happen.
Or sunshine, love, salvation.

It could, you know. That’s why we wake
and look out – no guarantees
in this life.

But some bonuses, like morning,
like right now, like noon,
like evening.

Carlos Drummond de Andrade – Morte das Casas de Ouro Preto

Sobre o tempo, sobre a taipa,
a chuva escorre. As paredes
que viram morrer os homens,
que viram fugir o ouro,
que viram finar-se o reino,
que viram, reviram, viram,
já não vêem. Também morrem.

Assim plantadas no outeiro,
menos rudes que orgulhosas
na sua pobreza branca,
azul e rosa e zarcão,
ai, pareciam eternas!
Não eram. E cai a chuva
sobre rótula e portão.

Vai-se a rótula crivando
como a renda consumida
de um vestido funerário.
E ruindo se vai a porta.
Só a chuva monorrítmica
sobre a noite, sobre a história
goteja. Morrem as casas.

Morrem, severas. É tempo
de fatigar-se a matéria
por muito servir ao homem,
e de o barro dissolver-se.
Nem parecia, na serra,
que as coisas sempre cambiam
de si, em si. Hoje vão-se.

O chão começa a chamar
as formas estruturadas
faz tanto tempo. Convoca-as
a serem terra outra vez.
Que se incorporem as árvores
hoje vigas! Volte o pó
a ser pó pelas estradas!

A chuva desce, às canadas.
Como chove, como pinga
no país das remembranças!
Como bate, como fere,
como traspassa a medula,
como punge, como lanha
o fino dardo da chuva

mineira, sobre as colinas!
Minhas casas fustigadas,
minhas paredes zurzidas,
minhas esteiras de forro,
meus cachorros de beiral,
meus paços de telha-vã
estão úmidos e humildes.

Lá vão, enxurrada abaixo
as velhas casas honradas
em que se amou e pariu,
em que se guardou moeda
e no frio se bebeu.
Vão no vento, na caliça,
no morcego, vão na geada,

enquanto se espalham outras
em polvorentas partículas,
sem as vermos fenecer.
Ai, como morrem as casas!
Como se deixam morrer!
E descascadas e secas,
ei-las sumindo-se no ar.

Sobre a cidade concentro
o olhar experimentado,
esse agudo olhar afiado
de quem é douto no assunto.
(Quantos perdi me ensinaram.)
Vejo a coisa pegajosa,
vai circunvoando na calma.

Não basta ver morte de homem
para conhecê-la bem.
Mil outras brotam em nós,
à nossa roda, no chão.
A morte baixou dos ermos,
gavião molhado. Seu bico
vai lavrando o paredão

e dissolvendo a cidade.
Sobre a ponte, sobre a pedra,
sobre a cambraia de Nize,
uma colcha de neblina
(já não é a chuva forte)
me conta por que mistério
o amor se banha na morte.

REPUBLICAÇÃO: poema originalmente publicado na página em 23/02/2016

Sean Thomas Dougherty – O Segundo O do Sofrimento

De alguma forma, ainda estou aqui, muito depois
dos rádios transístores, das fitas que meu pai tocava alto

dirigindo de cidade em cidade por Ohio,
vendendo coisas, a música que dançávamos

apenas para nos mantermos vivos. Percebo agora que não
deveria ter partido tão cedo, meio século

uma espécie de rocha que empurrei morro acima
& agora, por um momento, como Sísifo,

observo-a rolar.
Caminho pela neve.

Respiro o vento sujo do East Side
passando pela igreja russa, o odor

de peixes & cargueiros & da refinaria
preenchendo o vazio em meu peito — quantos anos

se acumularam desde que pela última vez cambaleei sobre o gelo
& me sentei para morrer?

Apenas para erguer os olhos para a geometria
do céu — & me levantar

para encarar quem quer que precisasse de mim —

Trad.: Nelson Santander

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The Second O of Sorrow

Somehow, I am still here, long after
transistor radios, the eight-tracks my father blared

driving from town to town across Ohio
selling things, the music where we danced

just to keep alive. I now understand I was not
supposed to leave so soon, half a century

a kind of boulder that I’ve pushed up the hill
& now for a moment, like Sisyphus

I watch it roll.
I walk through the snow.

I breathe the dirty East Side wind
pushing past the Russian church, the scent

of fish & freighters & the refinery
filling the hole in my chest—how many years

have piled since I last stumbled out onto the ice
& sat down to die.

Only to look up at the geometry
of sky—& stood

to face whoever might need me—

T. S. Eliot – Quatro Quartetos (Excertos): East Coker

Em meu princípio está meu fim. Uma após outras
As casas se levantam e tombam, desmoronam, são ampliadas,
Removidas, destruídas, restauradas, ou em seu lugar
Surgem um campo aberto, uma usina ou um atalho.
Velhas pedras para novas construções, velhas lenhas para novas chamas,
Velhas chamas em cinzas convertidas, e cinzas sobre a terra semeada,
Terra agora feita carne, pele e fezes,
Ossos de homens e bestar, trigais e folhas.
As casas vivem e morrem: há um tempo para construir
E um tempo para viver e conceber
E um tempo para o vento estilhaçar as trêmulas vidraças
E sacudir o lambril onde vagueia o rato silvestre
E sacudir as tapeçarias em farrapos tecidas com a silente legenda.

Em meu princípio está meu fim. Agora a luz declina
Sobre o campo aberto, abandonando a recôndita vereda
Cerrada pelos ramos, sombra na tarde,
Ali, onde te encolhes junto ao barranco, quando passa um caminhão,
E a recôndita vereda insiste
Rumo à aldeia, ao aquecimento elétrico
Hipnotizada. Na tépida neblina, a luz abafada
É absorvida, irrefratada, pela rocha cinzenta.
As dálias dormem no silêncio vazio.
Aguarda a coruja prematura.

A este campo aberto
Se não vieres muito perto, se muito perto não vieres,
À meia-noite de verão, poderás ouvir a música
Da tíbia flauta e do tambor pequenino
E vê-los a dançar ao redor do fogo
Homem e mulher ajuntados
Bailando na dança que celebra o matrimônio,
Esse dino e commodo sacramento.
Dous e dous, necessaria comunhãao,
Huus aos outros enleados pollo braço ou polla mãao,
Na dança que anumçia a comcordia. Girando e girando ao
redor do fogo
Saltando por entre as chamas, ou reunidos em círculos,
Rusticamente solenes ou em rústico alvoroço
Erguendo os pesados pés que rudes sapatos calçam
Pés de terra pés de barro, suspensos em campestre alegria,
Alegria dos que há muito repousam sob a terra
Nutrindo o trigo. Mantendo o ritmo
Mantendo o ritmo da sua dança
Como em suas vidas nas estações da vida
O tempo das estações e das constelações
O tempo da ordenha e o tempo da colheita
O tempo da cópula entre homem e mulher
E o das bestas. Pés para cima, pés para baixo,
Comendo e bebendo. Bosta e morte.

Desponta a aurora, e um novo dia
Para o silêncio e o calor se apresta. O vento da aurora
Desliza e ondula no mar alto. Estou aqui,
Ou ali, ou mais além. Em meu princípio.

(…)

III

Ó escuro escuro escuro. Todos mergulham no escuro,
Nos vazios espaços interestelares, no vazio que o vazio inunda,
Capitães, banqueiros, eminentes homens de letras,
Generosos mecenas de arte, estadistas e governantes,
Ilustres funcionários públicos, presidentes de vários comitês,
Magnatas da indústria e pequenos empreiteiros, todos
mergulham no escuro,
E escuros o Sol e a Lua, o Almanaque de Gotha,
A Gazeta da Bolsa, o Anuário dos Diretores,
E frio o sentido e perdido o fundamento da ação,
E todos os seguimos no silente funeral,
Funeral de ninguém, pois a ninguém há que enterrar.
Eu disse à minh’alma, fica tranquila, e deixa baixar o escuro sobre ti,
Pois que aí tudo será treva divina. Como num teatro,
As luzes se apagam para a troca de cenários
Com um côncavo ribombo de asas, com um movimento e
treva sobre treva,
E sabemos que as colinas e as árvores, o distante panorama
E a soberba fachada altiva estão sendo arrastados para longe
– Ou quando, no metrô, um trem se demora entre duas estações
E as conversas se animam e lentamente tombam no vazio
E vês por detrás de cada rosto aprofundar-se o vazio mental
Que semeia apenas o crescente terror de nada haver em que pensar;
Ou quando, sob o éter, o pensamento é consciente, mas
consciente de nada –
Eu disse à minh’alma, fica tranquila, e espera sem esperança
Pois a esperança seria esperar pelo equívoco; espera sem amor
Pois o amor seria amar o equívoco; contudo ainda há fé
Mas a fé, o amor e a esperança permanecem todos à espera.
Espera sem pensar, pois que pronta não estás para pensar:
Assim a treva em luz se tornará, e em dança há de o repouso se tornar.
Murmúrio de águas velozes e relâmpagos de inverno.
O irrevelado tomilho selvagem e os morangos silvestres.
O riso no jardim, êxtase repetido pelo eco
Jamis perdido, mas que reclama e persegue a agonia
Da morte e do nascimento.
Dirás que estou a repetir
Alguma coisa que antes já dissera. Tornarei a dizê-lo
Tornarei a dizê-lo? Para chegares até lá,
Para chegares onde estás, para saíres de onde não estás,
Deves seguir por um caminho onde o êxtase não medra.
Para chegares ao que não sabes
Deves seguir por um caminho que é o caminho da ignorância.
Para possuíres o que não possuis
Deves segur pelo caminho do despojamento.
Para chegares ao que não és
Deves cruzar pelo caminho em que não és.
E o que não sabes é apenas o que não sabes
E o que possuis é o que não possuis
E onde estás é onde não estás.

Trad.: Ivan Junqueira

REPUBLICAÇÃO: poema originalmente publicado na página em 23/02/2016

Rosemerry Wahtola Trommer – Névoa

E às vezes, quando me vejo
à margem de uma imensidão —
um lago, um mar, uma encosta de montanha —

minha pequenez me extasia
e a maior de minhas tristezas
diminui e fica menor que o espaço

entre grãos de areia,
e nesse instante,
conhecendo meu lugar,

surge em mim um amor tão grande
que posso amar qualquer pessoa, qualquer pessoa,
até a mim mesma.

Trad.: Nelson Santander

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Misty

And sometimes when I move
at the edge of a greatness—
a lake or a sea or a mountainside—

my insignificance thrills me
and the largest of my sadnesses
dwindles smaller than the space

between grains of sand
and in that moment,
knowing my place,

comes a love so enormous
I can love anyone, anyone,
even myself.