William Stafford – Viajando na Escuridão

Viajando na escuridão, encontrei um cervo
morto à margem da estrada junto ao Rio Wilson.
Geralmente é melhor rolá-los para o cânion:
a estrada é estreita; desvios poderiam causar mais mortos.

À luz da lanterna traseira, caminhei até o carro
e me coloquei ao lado do monte, uma corsa, recém-abatida;
ela já estava rígida, quase fria.
Eu a arrastei para longe; ela estava inchada na barriga.

Ao tocar seu flanco, descobri a razão —
ela estava quente do lado; sua cria estava ali esperando,
viva, imóvel, para nunca mais nascer.
Ao lado daquela estrada da montanha, hesitei.

O carro apontava para frente com as luzes baixas ligadas;
sob o capô, ronronava o motor estável.
Fiquei diante do reflexo do escapamento quente que se tornava vermelho;
ao nosso redor, eu podia sentir a natureza selvagem nos observando.

Refleti profundamente por todos nós — meu único desvio —,
e depois a empurrei para dentro do rio.

Trad.: Nelson Santander

Mais do que uma leitura, uma experiência. Clique, compre e contribua para manter a poesia viva em nosso blog

Traveling through the Dark

Traveling through the dark I found a deer
dead on the edge of the Wilson River road.
It is usually best to roll them into the canyon:
that road is narrow; to swerve might make more dead.

By glow of the tail-light I stumbled back of the car
and stood by the heap, a doe, a recent killing;
she had stiffened already, almost cold.
I dragged her off; she was large in the belly.

My fingers touching her side brought me the reason—
her side was warm; her fawn lay there waiting,
alive, still, never to be born.
Beside that mountain road I hesitated.

The car aimed ahead its lowered parking lights;
under the hood purred the steady engine.
I stood in the glare of the warm exhaust turning red;
around our group I could hear the wilderness listen.

I thought hard for us all—my only swerving—,
then pushed her over the edge into the river.

2 comentários

  1. Avatar de suriforshee1988 suriforshee1988 disse:

    wow!! 35Manuel António Pina – Eugénio de Andrade no seu leito de morte

    Curtir

Deixar mensagem para suriforshee1988 Cancelar resposta