Wendell Berry – Antes do Anoitecer

Da varanda no crepúsculo, observei
um martim-pescador selvagem em um voo
que ele só poderia estar realizando por deleite.

Ele desceu pelo rio, chapinhando
contra o rosto turvo da água
como uma pedra saltitante, passando

rio abaixo até sumir de vista. E ainda
eu podia ouvir o chapinhar
cada vez mais distante

à medida que escurecia. Ele voltou
pelo mesmo caminho, escuro como sua sombra,
súbito além dos salgueiros.

O chapinhar foi se tornando inaudível.
Estava escuro então. A noite
o havia acolhido em algum lugar.

— no lugar para onde ele se dirigia
ou onde, guiado por sua alegria,
ele chegou.

Trad.: Nelson Santander

Mais do que uma leitura, uma experiência. Clique, compre e contribua para manter a poesia viva em nosso blog

Before dark

From the porch at dusk I watched
a kingfisher wild in flight
he could only have made for joy.

He came down the river, splashing
against the water’s dimming face
like a skipped rock, passing

on down out of sight. And still
I could hear the splashes
farther and farther away

as it grew darker. He came back
the same way, dusky as his shadow,
sudden beyond the willows.

The splashes went on out of hearing.
It was dark then. Somewhere
the night had accommodated him

— at the place he was headed for
or where, led by his delight,
he came.

Deixe um comentário