Como são leais nossos demônios de infância,
envelhecendo conosco na mesma casa
como criados que temperam a carne
com amargura, como carcereiros
que chacoalham as chaves
que nos trancam ou nos libertam.
Embora sigamos com nossas vidas,
embora os anos se acumulem
como neve contra a porta,
ainda assim, nossos demônios nos encaram
das profundezas dos espelhos
ou dos novos rostos do outro lado da mesa.
E não importa qual voz escolham,
que língua falem,
a mensagem é sempre a mesma.
Eles perguntam: “Por que você não consegue
fazer nada certo?” Eles dizem:
“Simplesmente não te amamos mais.”
Trad.: Nelson Santander
An Old Song
How loyal our childhood demons are,
growing old with us in the same house
like servants who season the meat
with bitterness, like jailers
who rattle the keys
that lock us in or lock us out.
Though we go on with our lives,
though the years pile up
like snow against the door,
still our demons stare at us
from the depths of mirrors
or from the new faces across a table.
And no matter what voice they choose,
what language they speak,
the message is always the same.
They ask “Why can’t you do
anything right?” They say
“We just don’t love you anymore.”