Joan Margarit – Cemitério de Montjuïc

Algo resta das almas,
como a brisa que surge
depois de alguém passar,
e que faz estremecer
uma fina cortina na janela.
Pela trilha de pedras ásperas que não esquecem
mas calam, severas, o que sabem,
o vento deixa um silêncio de lágrimas
por vidas como a nossa, perdidas.
“Jazigo perpétuo”, a terra
sempre dura, fileiras de ciprestes:
provinciano teatro da morte.
Nosso amor é como o que eles perderam.
Já é noite. Olha, do topo
da colina dos mortos, sob o céu negro,
as luzes da cidade:
um navio ancorado no firmamento
que nos espera para zarpar.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 24/12/2018

Mais do que uma leitura, uma experiência. Clique, compre e contribua para manter a poesia viva em nosso blog

Joan Margarit – Cementerio de Montjuïc

Algo queda de las ánimas,
como la brisa que surge
después de que alguien ha pasado,
y que hace estremecer
una leve cortina en la ventana.
Por la senda de piedras ásperas que no olvidan
pero callan, severas, lo que saben,
el viento deja un silencio de lágrimas
por vidas como la nuestra, perdidas.
«Concesión perpetua», la tierra
siempre dura, hileras de cipreses:
provinciano teatro de la muerte.
Nuestro amor es como el que ellos perdieron.
Ya es de noche. Mira, desde la cumbre
de la colina de los muertos, bajo el cielo negro,
las luces de la ciudad:
un navío anclado en el firmamento
que está esperándonos para zarpar.

Deixe um comentário