Abdellatif Laâbi – Duas horas em um trem

Em uma viagem de trem de duas horas
Eu revejo o filme da minha vida
Cerca de dois minutos por ano
Meia hora para a minha infância
outra para o meu tempo na prisão
Enquanto o amor, livros e viagens
compartilham o resto
A mão de minha parceira gradualmente
se funde à minha e sua cabeça,
que repousa em meu ombro,
parece leve como uma pomba
Quando chegarmos
estarei com cinquenta e poucos anos
e terei pouco mais de uma hora
de vida

Trad.: Nelson Santander

Two Hours on a Train

On a two-hour train ride
I replay the film of my life
Roughly two minutes per year
A half hour for my childhood
another for my time in prison
While love, books and travels
share the rest
My partner’s hand gradually
fuses into my own and her head,
which rests on my shoulder
feels as light as a dove
By the time we’ll arrive
I’ll have reached my fifties
and I’ll have little over an hour
left to live

1 Comentário

  1. Avatar de Deus Carmo Deus Carmo disse:

    A mim, parece que o poeta quiz enfatizar o tempo – duas horas e não a viagem – de trem. É uma reflexão sobre o tempo, este destruidor vidas, que o poeta rumina. Tudo é nada se vivermos a vida que tempo consome. Belo poema, Zé Mancambira? Sim, Didi Horus Dá, belo como uma Noite em Paris.

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