Do lado de fora, tudo parece pouco.
Borborinho. Intemperança. Sono.
O rosto não faz prova da memória
mas a memória testemunha a evolução do rosto,
os pares de óculos que por ali passaram,
a fome e o consolo,
o medo,
a morte de cada beijo,
o milagre do seu renascimento
e, por fim, o extremo cansaço,
a gloriosa vitória da derrota.
Por dentro, o tempo acumula-se,
chuva numa piscina abandonada
às sombras de um Inverno
que só se interrompe ante a imensa ternura dos teus olhos
nos dias em que o fogo me consome.