James Wright – Tendo perdido meus filhos, eu encaro os destroços da lua: Natal, 1960

Depois do anoitecer
Perto da fronteira da Dakota do Sul
A lua por aí caçando, por toda parte,
Soltando fogo,
E caminhando pelos corredores
De um diamante.

Atrás de uma árvore,
Ela ilumina as ruínas
De uma cidade branca:
Gelada, gelada.

Para onde foram,
Os que aqui viviam?

Carregados para longe por asas
E faces sombrias.

Estou enjoado
Disso, e sigo em frente,
Vivendo sozinho, sozinho,
Por silos queimados, por sepulturas escondidas
De Chippewas e noruegueses.

Neste inverno frio
A lua cospe o desumano fogo
Das joias
Nas minhas mãos.

Ricos mortos, mãos mortas, a lua
Escurece,
E eu perdido nas belas ruínas brancas
Da América.

Trad.: André Caramuru Aubert

Mais do que uma leitura, uma experiência. Clique, compre e contribua para manter a poesia viva em nosso blog

Having lost my sons, I confront the wreckage of the moon: Christmas, 1960

After dark
Near the South Dakota border,
The moon is out hunting, everywhere,
Delivering fire,
And walking down hallways
Of a diamond.

Behind a tree,
It lights on the ruins
Of a white city:
Frost, frost.

Where are they gone,
Who lived there?

Bundled away under wings
And dark faces.

I am sick
Of it, and I go on,
Living alone, alone,
Past the charred silos, past the hidden graves
Of Chippewas and Norwegians.

This cold winter
Moon spills the inhuman fire
Of jewels
Into my hands.

Dead riches, dead hands, the moon
Darkens,
And I am lost in the beautiful white ruins
Of America.

Aqui: https://rascunho.com.br/ficcao-e-poesia/poemas-de-james-wright/

Robinson Jeffers – Cremação

​Isto quase anula meu medo de morrer, meu amor falou,
Quando eu penso em cremação. Apodrecer na terra
É um fim abominável, mas arder em chamas — além disso, estou habituada,
Eu ardi com amor ou fúria tanto em minha vida,
Não à toa meu corpo está cansado, não à toa está morrendo.
Nós fomos felizes com meu corpo. Espalhe as cinzas.

Trad.: André Caramuru

REPUBLICAÇÃO: poema publicado originalmente no blog em 07/08/2016

Cremation

It nearly cancels my fear of death, my dearest said,
When I think of cremation.  To rot in the earth
Is a loathsome end, but to roar up in flame – besides, I
 am used to it,
I have flamed with love or fury so often in my life,
No wonder my body is tired, no wonder it is dying.
We had a great joy of my body.  Scatter the ashes.

Robinson Jeffers – Sem Título

​Isto quase anula meu medo de morrer, meu amor falou,
Quando eu penso em cremação.
Apodrecer na terra
É um fim abominável, mas arder em
chamas — além disso, estou habituada,
Eu ardi com amor ou fúria tanto
em minha vida,
Não à toa meu corpo está cansado, não à toa está morrendo.
Nós fomos felizes com meu corpo.
Espalhe as cinzas.

Trad.: André Caramuru