Você pedala furiosamente
rumo a um futuro que tenta
a todo custo prolongar
com este exercício,
embora a paisagem
que por aqui passa seja o tempo
passando, com suas listas
de coisas não feitas
ou mal feitas,
todo esse esforço,
a feroz monotonia
desse passeio, parece
muito com a própria vida –
vigorosamente indo
a lugar nenhum,
redimida em parte
pela imaginação, seu transe
de rios e árvores,
suas estradas sombreadas se desenrolando
além dos seus olhos fechados,
ou mesmo na tela da TV
que às vezes você assiste
enquanto pedala, milha
após milha de drama
se desdobrando enquanto você pedala
e pedala, progredindo
daqui para aqui,
a teóricas vinte
milhas por hora, suas pernas
começando a latejar como se
o corpo se comunicasse
em um código de dor, dizendo
não pense no futuro,
você está aqui
agora, viva.
Trad.: Nelson Santander
Stationary Bicycle
You pedal furiously
into a future you’re trying
hard to prolong
by this exercise,
though the landscape
that rolls by here is time
passing, with its lists
of things undone
or not done properly,
all this effort,
the fierce monotony
of this ride feels
much like life itself –
going nowhere
strenuously,
redeemed in part
by the imagination, its trance
of rivers and trees,
its shady roads unwinding
just beyond your closed eyes,
or even on the tv screen
you sometimes watch
as you ride, mile
after mile of drama
unfolding while you pump
and pump, proceeding
from here to here
at twenty theoretical
miles per hour, your legs
beginning to throb as if
the body communicates
in a code of pain, saying
never mind the future,
you’re here
right now, alive.