Outro dia vi meu nome impresso
com 1932 e um espaço em branco depois
e soube que, agora mesmo, uma margem gramada
já espera pelo meu túmulo. E que em algum lugar,
já existe uma lápide de mármore cinza
na qual o número final será gravado —
como se a própria pedra estivesse de alguma forma faminta
por definição. Quando eu namorava firme,
nos anos de colégio, era o nome do meu namorado
que eu experimentava, ouvindo como se encaixava com o meu;
depois, nomes de estrelas de cinema em algum sucesso.
Meu marido era anônimo como chuva.
Há um número por aí, par ou ímpar,
que se tornará familiar para meus filhos
e minha filha (Eles são os vivos em quem
penso agora: Peter, Rachel, Stephen).
Eu o imagino: quatro algarismos enfileirados
5 ou 7, 6 ou 2 ou 9:
um ponto final; silêncio; um verso conclusivo;
um martelo prestes… a desferir seu golpe.
Trad.: Nelson Santander
1932–
I saw my name in print the other day
with 1932 and then a blank
and knew that even now some grassy bank
just waited for my grave. And somewhere a grey
slab of marble existed already
on which the final number would be carved—
as if the stone itself were somehow starved
for definition. When I went steady
in high school years ago, my boyfriend’s name
was what I tried out, hearing how it fit
with mine; then names of film stars in some hit.
My husband was anonymous as rain.
There is a number out there, odd or even
that will become familiar to my sons
and daughter. (They are the living ones
I think of now: Peter, Rachel, Stephen.)
I picture it, four integers in a row
5 or 7, 6 or 2 or 9:
a period; silence; an end-stopped line;
a hammer poised … delivering its blow.