Linda Pastan – 50 anos

Embora saibamos
como terminará—
em luto e silêncio—
seguimos com nossos dias comuns
como se os atos de ferver um ovo
ou arrumar uma cama
fossem tão pequenos
que deveriam ser ignorados
pela morte. E talvez

os poucos anos restantes, ensolarados,
mas sem um grande propósito,
de algum modo perdurem,
como um quadro de amantes que perdura
radiante e verdadeiro na parede
de algum obscuro museu holandês,
muito depois que os nomes
do artista e dos modelos
tenham desaparecido.

Trad.: Nelson Santander

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50 Years

Though we know
how it will end:
in grief and silence,
we go about our ordinary days
as if the acts of boiling an egg
or smoothing down a bed
were so small
they must be overlooked
by death. And perhaps

the few years left, sun drenched
but without grand purpose,
will somehow endure,
the way a portrait of lovers endures
radiant and true on the wall
of some obscure Dutch museum,
long after the names
of the artist and models
have disappeared.

Linda Pastan – Uma quase elegia para Tony Hoagland

Seus poemas me fazem querer
escrever meus próprios poemas,

o que é uma espécie de plagio
do espírito.

Mas quando sua morte me lembra
que a minha está a caminho,

fecho o livro, agarrando-me
a este frágil mundo como as folhas

lá fora, que se agarram à sua árvore
pouco antes de mudarem de cor e cair.

Preciso de tempo para ler todos os poemas
que você deixou para trás, que atravessam

a escuridão aqui à minha janela,
mas que nada fizeram para salvá-lo.

Trad.: Nelson Santander

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Almost an Elegy: For Tony Hoagland

Your poems make me want
to write my poems,

which is a kind of plagiarism
of the spirit.

But when your death reminds me
that mine is on its way,

I close the book, clinging
to this tenuous world the way the leaves

outside cling to their tree
just before they turn color and fall.

I need time to read all the poems
you left behind, which pierce

the darkness here at my window
but did nothing to save you.