Linda Pastan – A obrigação de ser feliz

É mais onerosa
que os rituais de beleza
ou os afazeres domésticos, mais difícil que o amor.
Mas você espera isso de mim casualmente,
como espera que o sol
se levante, não apesar da chuva
ou das nuvens, mas por causa delas.

E assim eu sorrio, como se minha própria lealdade
à tristeza fosse um vício oculto —
aquele puxão para baixo em minha boca,
minha antiga suspeita de que saúde
e amor são breves irrelevâncias,
não mais que risadas no calor da noite
estranguladas ao amanhecer.

Felicidade. Tento erguê-la
em meus ombros estreitos novamente —
uma mochila pesada com moedas de ouro.
Tropeço pela casa,  
esbarro nas coisas.
Apenas o próprio Midas
entenderia.

Trad.: Nelson Santander

Mais do que uma leitura, uma experiência. Clique, compre e contribua para manter a poesia viva em nosso blog

The Obligation to Be Happy

It is more onerous
than the rites of beauty
or housework, harder than love.
But you expect it of me casually,
the way you expect the sun
to come up, not in spite of rain
or clouds but because of them.

And so I smile, as if my own fidelity
to sadness were a hidden vice—
that downward tug on my mouth,
my old suspicion that health
and love are brief irrelevancies,
no more than laughter in the warm dark
strangled at dawn.

Happiness. I try to hoist it
on my narrow shoulders again—
a knapsack heavy with gold coins.
I stumble around the house,  
bump into things.
Only Midas himself
would understand.

Deixe um comentário