Linda Pastan – Chegamos ao silêncio

Chegamos ao silêncio lentamente. Tragados para o mundo
em uma onda de som
dele saímos mais tarde com as bocas fechadas,
nossas línguas tornadas pesadas
como pedras para nos ancorar
na terra. Agora ouvimos
o vento nas folhas farfalhantes,
um burburinho de água
sobre as pedras,
a batalha musical
dos pássaros.
Considere a orelha
em forma de clave de fá,
mas vazia.
Considere os espaços entre as estrelas,
solilóquios de luz.
É quase hora
de aquietar as crianças,
silenciar os cães.
Mesmo nossas palavras se tornam abafadas
em meu cabelo, logo
será apenas pelo toque
que o reconhecerei.
Estes são os corredores
do silêncio; entre
na ponta dos pés.
Aqui Orfeu repousa,
sua harpa desencordoada.
Aqui os sons que
uma folha produz
ao cair no chão
podem nos ensurdecer.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 06/08/2022

Mais do que uma leitura, uma experiência. Clique, compre e contribua para manter a poesia viva em nosso blog

We come to silence

We come to silence slowly. Washed into the world
on a wave of sound
we leave it later with closed mouths,
our tongues grown heavy
as stones to anchor us
in earth. Now we hear
wind in the noisy leaves,
a hubbub of water
over the rocks,
the musical warfare
of the birds.
Consider the ear
shaped like the bass clef
but empty.
Consider the spaces between stars,
soliloquies of light.
It is almost time
to hush the children,
to quiet the dogs.
Even our words grow muffled
in my hair, soon
it will be only touch
I know you by.
These are the corridors
of silence; enter
on tiptoe.
Here Orpheus sleeps,
his harp unstrung.
Here the sounds
a leaf makes
falling to ground
may deafen us.

Deixe um comentário