Mark Strand – Um fragmento da tempestade

Da sombra dos domos na cidade dos domos,
Um floco de neve, uma nevasca de um único floco, leve, adentrou seu quarto
E flutuou até braço da cadeira onde você, erguendo os olhos
Do livro que lia, o percebeu no instante em que pousou.
E isso foi tudo. Apenas um solene abrir de olhos
Para a brevidade, para o despertar e o declínio da atenção, num átimo,
Um tempo entre tempos, um funeral sem flores. Nada mais que isso,
Exceto a sensação de que este fragmento da tempestade,
Que se desfez diante de seus olhos, retornaria,
Que alguém daqui a alguns anos, sentado onde você está agora, poderia dizer:
“Está na hora. O ar está pronto. O céu está se abrindo.”

Trad.: Nelson Santander

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A Piece of the Storm

From the shadow of domes in the city of domes,
A snowflake, a blizzard of one, weightless, entered your room
And made its way to the arm of the chair where you, looking up
From your book, saw it the moment it landed.
That’s all there was to it. No more than a solemn waking
To brevity, to the lifting and falling away of attention, swiftly,
A time between times, a flowerless funeral. No more than that
Except for the feeling that this piece of the storm,
Which turned into nothing before your eyes, would come back,
That someone years hence, sitting as you are now, might say:
“It’s time. The air is ready. The sky has an opening.”

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