Mary Oliver – Robert Schumann

Mal passa um dia sem que eu pense nele
no hospício: mais jovem

do que sou agora, trilhando a longa estrada
da loucura em direção à morte.

Sua música explode pelo
mundo todo, de um modo que ele

nunca imaginou. E agora compreendo
algo tão assustador e maravilhoso –

como a mente se apega ao caminho conhecido, precipitando-se
pelos cruzamentos, agarrando-se

como fiapo ao que lhe é familiar. Por isso,
mal passa um dia sem que eu

pense nele: aos dezenove anos, digamos, é
primavera na Alemanha

e ele acaba de conhecer uma garota chamada Clara1 e 2.
Ele vira a esquina,

ele raspa a terra das solas dos sapatos,
ele sobe correndo a escada escura, cantarolando.

Trad.: Nelson Santander

N. do T.:

1. Clara Schumann, nascida Clara Wieck, foi uma virtuosa pianista e compositora alemã do século XIX, reconhecida por suas contribuições significativas para a música clássica. Ela também foi esposa do compositor Robert Schumann. A relação entre Robert e Clara Schumann foi profundamente inspiradora e desempenhou um papel crucial em suas vidas pessoais e carreiras musicais. Clara foi uma grande apoiadora de Robert, interpretando e promovendo suas obras, além de ser uma compositora talentosa em seu próprio direito. Sua conexão amorosa e intelectual influenciou diretamente a música e a arte do período romântico, tornando-os um dos casais mais icônicos da história da música.

2. O belo poema “Romantics”, de Lisel Mueller, que também traduzi para a página, oferece uma perspectiva sensível sobre o relacionamento entre Johannes Brahms e Clara Schumann, destacando a complexidade e a delicadeza das relações interpessoais no século XIX. Vale também a leitura.

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Robert Schumann

Hardly a day passes I don’t think of him
in the asylum: younger

than I am now, trudging the long road down
through madness toward death.

Everywhere in this world his music
explodes out of itself, as he

could not. And now I understand
something so frightening, and wonderful–

how the mind clings to the road it knows, rushing
through crossroads, sticking

like lint to the familiar. So!
Hardly a day passes I don’t

think of him: nineteen, say, and it is
spring in Germany

and he has just met a girl named Clara.
He turns the corner,

he scrapes the dirt from his soles,
he runs up the dark staircase, humming.

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