Faith Shearin – O que eu gosto

Não da festa em si — um turbilhão de momentos desconfortáveis e risos
que, na verdade, querem dizer outra coisa. Não do momento logo após o fim
da festa, quando nos jogamos no sofá, pratos espalhados por toda parte,
bitucas de cigarro flutuando no refrigerante, um único pedaço intocado de torta

sobre a mesa de centro. O que eu gosto é do dia seguinte à festa: os vestígios
dos convidados quase apagados, os balões amarrados na despensa, mas voando
um pouco mais baixo. A comida restante mumificada na geladeira. Gosto
de lembrar que a sala estava cheia sem estar em uma sala cheia.
O silêncio flui como água e eu nado sozinha: um peixe em um aquário vazio.

Trad.: Nelson Santander

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What I Like

Not the party itself—a flurry of uncomfortable moments—and laughter
that really means something else. Not the moment just after the party
is over when we fall onto the sofa, dishes scattered everywhere,
cigarette butts floating in soda, a single untouched piece of pie

on the coffee table. What I like is the day after the party: the signs
of guests mostly erased, balloons tied to the pantry but flying
a little lower. The leftover food mummified in the fridge. I like
remembering that the room was full without standing in a full room.
Silence pours in like water and I swim alone: a fish in an empty aquarium.

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