Francisco Brines – Os Verões

A Carmen Marí

Foram longos e ardentes os verões!
Ficamos nus juntos ao mar,
e o mar ainda mais nu. Com os olhos,
e em corpos ágeis, praticávamos
a mais prazerosa posse do mundo.

Éramos tocados por vozes banhadas de lua,
e era a vida vulcânica e violenta,
ingratos com o sonho, fluíamos.
O ritmo sombrio das ondas
nos abrasava eternamente, e éramos apenas tempo.
As estrelas se apagavam ao amanhecer
e, com a luz que fria retornava,
furioso e delicado se iniciava o amor.

Hoje parece um engano que fôssemos felizes
ao modo imerecido dos deuses.
Que estranha e breve foi a juventude!

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO, com alterações na tradução: poema publicado na página originalmente em 03/01/2019

Mais do que uma leitura, uma experiência. Clique, compre e contribua para manter a poesia viva em nosso blog

Los Veranos

¡Fueron largos y ardientes los veranos!
Estábamos desnudos junto al mar,
y el mar aún más desnudo. Con los ojos,
y en unos cuerpos ágiles, hacíamos
la más dichosa posesión del mundo.

Nos sonaban las voces encendidas de luna,
y era la vida cálida y violenta,
ingratos con el sueño transcurríamos.
El ritmo tan oscuro de las olas
nos abrasaba eternos, y éramos solo tiempo.
Se borraban los astros en el amanecer
y, con la luz que fría regresaba,
furioso y delicado se iniciaba el amor.

Hoy parece un engaño que fuésemos felices
al modo inmerecido de los dioses.
¡Qué extraña y breve fue la juventud!

Deixe um comentário