Os respiradores soam como trutas se alimentando
à noite em algum criadouro da imaginação –
ninguém ali para ouvir; nosso subaquático mundo de atenção
intensiva é quase azul – inofensivo, brando.
Óculos contra o vidro, os especialistas
passam para nos examinar, e são parelhos
até que entram com suas máscaras: listas
em pranchetas distinguem os nomes dos aparelhos.
Somos nossa medicação, e os equipamentos
programados para cada paciente, individualmente,
são mais do que nossa identidade no momento.
Podemos ter sido; alguns podem sê-lo novamente.
Não temos um rosto a perder, para olhar,
mas é agradável aqui, suspense suspenso, nada a fazer
por ora – o tempo é o que conseguimos obter
para lutar por um novo nascimento, e por ar.
Trad.: Nelson Santander
Third Day
Respirators sound like trout feeding
at night in some dream hatchery – no one there
to listen; our subaqueous world of care
is halfway blue – peaceful, unthreatening.
Spectacles pressed to the glass, our specialists
walk by to look us over and seem the same
until, mask-mouthed, they enter: clipboard lists
distinguish the paraphernalia from the name.
We are our medication, and the machines
programmed to meet an individual case
more than identity now. We may have been;
some may become again. We have no face
to lose, to look at, but it’s pleasant here,
suspense suspended, nothing to be done
for the time being – time being our time won
to flail for birth again and fight for air.