Eliza Griswold – Tigres

O que somos agora senão vozes
que prometem uma à outra uma vida
que nenhuma pode entregar,
não por falta de querer, mas porque
só querer não faz acontecer?
Agarramo-nos a uma videira
na beira do penhasco.
Há tigres1 acima
e abaixo. Vamos nos amar
um ao outro e nos soltar.

Trad.: Nelson Santander

  1. Os tigres referidos no poema são uma alusão a uma parábola zen-budista, frequentemente atribuída à tradição chinesa ou japonesa, chamada “A Parábola do Tigre”. Na parábola, um homem está sendo perseguido por um tigre feroz. Em sua fuga, ele se depara com um penhasco e, sem saída, se agarra a uma videira que cresce na beira do precipício. Abaixo dele, há outro tigre, esperando para devorá-lo se ele cair. Para piorar, dois ratos (um branco e um preto, simbolizando o dia e a noite) começam a roer a videira, ameaçando sua única chance de sobrevivência. Nesse momento de aparente desespero, o homem nota um morango selvagem crescendo na parede do penhasco, ao alcance de sua mão. Ele estende a mão, colhe o morango e o come, saboreando-o completamente. A lição moral da história varia conforme a interpretação, mas geralmente se concentra em apreciar o momento presente, mesmo em meio às dificuldades e incertezas da vida. O morango simboliza a beleza e a doçura da vida, que pode ser experimentada mesmo em situações desesperadoras. ↩︎

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Tigers

What are we now but voices
who promise each other a life
neither one can deliver
not for lack of wanting
but wanting won’t make it so
We cling to a vine
at the cliff’s edge.
There are tigers above
and below. Let us love
one another and let go.