Os contos de fadas estão repletos de tarefas irreais:
Juntar os pelos do queixo de uma cabra que os homens devora,
Ou cruzar um lago sulfúrico em uma danificada igara,
Escolher o príncipe de uma fila de máscaras iguais,
Caminhar na ponta dos pés até onde se aquece um dragão
E roubar-lhe um osso; contar partículas de areia, grão por grão,
Ou uma lista telefônica inteira memorizar.
Sempre será impossível o que alguém irá requisitar —
Você tem que combater a magia com magia. Crer
Que traz consigo algo escondido impossível de se ver,
A linguagem das serpentes, talvez, uma capa de invisibilidade,
Um exército de formigas à sua disposição, uma letal jocosidade,
A vontade de fazer o que tem que ser feito:
Casar com um monstro. Dar em sacrifício o primogênito.
Trad.: Nelson Santander
Fairy-tale Logic
Fairy tales are full of impossible tasks:
Gather the chin hairs of a man-eating goat,
Or cross a sulphuric lake in a leaky boat,
Select the prince from a row of identical masks,
Tiptoe up to a dragon where it basks
And snatch its bone; count dust specks, mote by mote,
Or learn the phone directory by rote.
Always it’s impossible what someone asks—
You have to fight magic with magic. You have to believe
That you have something impossible up your sleeve,
The language of snakes, perhaps, an invisible cloak,
An army of ants at your beck, or a lethal joke,
The will to do whatever must be done:
Marry a monster. Hand over your firstborn son.