Não temos muito tempo para amar.
Nenhuma luz é eterna.
Não costumamos nos desvencilhar
de todas as coisas ternas.
Os tecidos grosseiros são aqueles
para uso corrente.
Mudo, vi você desembaraçar
seus cabelos com um pente.
Imperava um silêncio profundo,
aconchegante e baço.
Eu poderia, mas não consegui,
não pude tocar seu braço.
Eu poderia, mas não quis, romper
toda aquela mansidão.
(até mesmo o menor dos sussurros
seria uma explosão)
E assim os momentos passam como
se não quisessem passar.
Não temos muito tempo para amar.
Uma noite. Um raiar…
Trad.: Nelson Santander
We Have Not Long to Love
We have not long to love.
Light does not stay.
The tender things are those
we fold away.
Coarse fabrics are the ones
for common wear.
In silence I have watched you
comb your hair.
Intimate the silence,
dim and warm.
I could but did not, reach
to touch your arm.
I could, but do not, break
that which is still.
(Almost the faintest whisper
would be shrill.)
So moments pass as though
they wished to stay.
We have not long to love.
A night. A day….